domingo, fevereiro 03, 2008

a sós














sem amigo companhia ou criança que comigo percorra a solidão que hoje me fere sem cuidado ou respeito, invento um esquimó de terra distante e desconhecida, como se essa em que vivo esta agora tristeza, para que me ouça, me cale, me chore.


falo-lhe do acordar vazio, do não abrir dos olhos para tentar ainda calar o frio dentro, do procurar depois em todos os lugares um qualquer sinal de acalento, como se não soubesse tão bem como é negro, pintado à mão, devagar, o abandono de quem. em tudo.


conto-lhe dos dias passados escondida em quarto de mim, sem que o saiba ninguém.
das portas trancadas nesta casa que não habito sozinha, mas que não é vida comigo, esta casa onde me fecham caras todo o dia, onde não há música ou partilha, conforto ou um só sorriso que ajude ao passar (d)o medo.



tiredness fuels empty thoughts

i find myself...
disposed


brightness fills empty space

in search of...
inspiration



harder now with higher speed

washing in
on top of me



so i look to my eskimo friend


i look to my eskimo friend


i look to my eskimo friend



when i'm down


down


down



rain it wets muddy roads

i find myself...
exposed


tapping does but irritate

in search of...
destination



harder now with higher speed

washing in
on top of me



so i look to my eskimo friend


i look to my eskimo friend


i look to my eskimo friend




when i'm





d








o












w



















n












.







.








.










.
































digo-lhe, confesso-lhe, que não há tristeza maior que a solidão, por maiores tantas outras dores... não há sentir que me cale como este. que me enmure. me inunde o dia de quietude e sal. eu que tento saber do que é, do que existe, do que somos sem razão de sentir.
assim de triste, não há.


explico-lhe a ele, meu amigo inventado, o tanto tudo que queria um qualquer acalento, um olhar fundo ao que sou, qualquer coisa mais que estas paredes que me não falam, este silêncio que me não ouve, a gente perto que não tenho, não me existe, este longe que não sei preencher só.


vejo as lágrimas que recuso chorar descerem por seu rosto moreno, até sentir nos lábios o gosto de minha própria tristeza, eu escondida na vergonha de me saber assim, sem força, quase sem vida, eu que sei que é vida tanto, que o amor está em tudo o que vêem os olhos, que a paz são os passos que damos em nós, um de cada vez...


mas hoje
hoje
acordei demasiado pesada
de nada
para mo fazer saber.


porque não-outros.
ninguém.
voz nenhuma
ao apertar de uma mão,
a lembrar-me que(m) sou.


e eu não sei viver sem gente perto.



e por isso me lembra, ele mo lembra, da força da água, da força de mim, dos abraços de longe, os abraços dentro de quem nos é sempre - porque há, há mesmo quem seja sempre... -, os sorrisos de minha gente, os cheiros de meu país, tudo o que aqui me não é fora, hoje mais ainda, mas é tanto, tanto dentro.


e eu sei, sei de tudo... sei das vozes dentro, do calor, da luz, das mãos, dos sorrisos...
sei do mar.
sei de tudo.



when i'm down


down


down




when i'm down


down


down




when i'm down


down


down



























e sei-me meu próprio esquimó.









(imagens: eskimo child, de edward s. curtis. fatality e roads which aspire to light, de bogdan zwir)

22 comentários:

inesn disse...

abraço de longe (tão perto..)

*

DoCeu disse...

e nan te esqueças de contar tb com o esquimozinho às riscas :-)

xXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxX
xXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxX
xXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxXxX
xXxXxXxXxX

Rita disse...

Minha linda, só, só a valer é algo que tu felizmente não estás nunca! Podes não ter alguém mesmo aí à mão de semear mas estás tudo menos só!!! Jinhos grandes

Anónimo disse...

Olha que a Vida adora pregar-nos essas rasteiras, para testar a nossa Força! Não a deixes ficar feliz porque venceu!...

Um Abraço do tamanho do mundo! (para que, quando te fizer falta, vás buscar um bocadinho... :))

xxxxx

@-,-'-

M_d_O_M

Pulsante disse...

Será bem melhor que essa ida tenha volta....

delusions disse...

...

speechless...



Bjinho*
Sofia

Anónimo disse...

Lembrei-me muito de ti, hoje, antes de teres aparecido pelo 'canto' partilhado. Sabe-se lá porquê.
Contigo,
'M'

~pi disse...

quando estou só

invento

braços




~

Mar Arável disse...

Uma jovem criativa

nunca está isolada



até pode ser um estímulo

Atlantys disse...

Mesmo não sendo o amigo esuimó deixo uma beijoka e um abraço apertadinho. Não estás só, estamos cá nóssempre que for preciso =)***

un dress disse...

minha querida esquimó!! :)

un dress disse...

"todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre la mar"


(Antonio Machado)

un dress disse...

abraÇo.beijO





~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

luci disse...

nada que há-de ser: tudo.


*

*

*

Ad astra disse...

"A par e passo, passo neste espaço abrindo a largos golpes largos espaços e passas, nos meus passos, passo a passo, repassas em abraços os meus braços..."
diria Joaquim Pessoa...digo-te eu aqui longe...perto de ti


beijo terno

Ana disse...

Um beijinho de aqui pertinho.
Eu sei.

Sandrinha disse...

Eu também sei...

Um Beijo cheio de força!

ContorNUS disse...

EXCELENTE !!!!

Dalaila disse...

fabuloso esquimó de saudade

Ruela disse...

ser




criativa.









beijo.

Anónimo disse...

Antes de mais: Voltei!!!

E não te preocupes, porque todos nós temos amigos desses...bjs

Girstie disse...

Voltaste! Com um grande texto (em termos de qualidade e comprimento tb :D)

beijinhos