quarta-feira, agosto 29, 2007

olhares (d)e marulhos: fim.de.semana.

sexta-feira:
mudança


fora





























dentro





à volta.
em tudo.























sábado:
regresso ao futuro


de autocarro
em turismo e self-discovery
pela minha londres























































a pé
em mim
pela sua
minha
camden













































e neste seu velho
- meu novo -
espaço e canto de mim.





























domingo:
calma e conforto


dados
























recebidos
























































e partilhados.

















no fim
do fim
da semana,
da flor apanhada do chão
no seu início
- assim largada
sem vento ou cuidado,
guardada com(o) lembrança
num caderno que não olha o passado -,
este (re)nascimento,
em água acarinhado:

domingo, agosto 26, 2007

flores dentro.

em frente à casa dele há papoilas.

vermelhas.

gritantes.

livres.


desde que com elas fui terra
são eu em flor,
as papoilas.
a papoila.
vermelha.


que não se venda
ou compre:

selvagem.

corajosa.

vida.































vendida ou comprada,
mesmo se nunca,
a rosa.


desde que com ela fui planeta,
a rosa vermelha:

rubra.

verdade.

dentro.






























dentro de mim,
como semente plantada,
o cravo vermelho.


que não se compre
ou colha:

que brote simplesmente de nós.











































(1ª imagem: poppy blossom #1, de daniel beauvais.
nenhuma das outras tinha autor referido onde as encontrei, lamento...)

terça-feira, agosto 21, 2007

sonho aberto




o dia nasceu.


saio de casa vestida com minha roupa de sono,
vermelha e azul,
e mergulho no verde à minha frente.
apanho gotas de chuva como se fossem fadas
e faço um colar de sentir que as asas levarão a quem.


sou leve
em luz.


sou o universo
e o universo é-me,
vivo como o vento,
cada dia,
cada segundo,
em riso soprado de amor.


renasço.
a bondade molda-me os gestos,
a liberdade pinta-me a vida.


sou feliz.
e cada ser me canta ao ouvido
a côr deste mundo de tudo.






...
















quando acordar, estarei sob raízes em flor,
em sorriso de vôo e certeza.




















..












e a dor não será mais verdadeira
que a paz de saber-me eu.



























(não percam, se puderem não percam, o labirinto do fauno, de que já vos falei, hoje, às 14h, 16h30, 19h, 21h30, no cinema nimas, em lisboa.)

















(imagem: turning point, de brian wiles)

quarta-feira, agosto 15, 2007

ave nocturna



amámo-nos no escuro.


quando todos se ensonharam e o tempo foi nosso,
saímos dos aninhados cantos de vida e distância
e amámo-nos no que fomos.


guardei palavras e sentir
- todos eles,
todos juntos,
todos nós -
como se fossem um só
e esperei pelo fim do dia para tos entregar em nuez minha.
do que sou.


descobri o teu corpo,
cada milímetro,
como se numa primeira vez.
que não lembro.
que reinvento a cada toque
cada beijo
cada roçar de coração.


quando a manhã chegou com a verdade
voltei para longe de ti,
do que fomos,
do que somos agora,
em segredo nosso;
por nós mesmos omitido
ao que se entrega,
como se.


como se à noite,
só de noite
- desconhecida noite -
te amasse.
mais do que sou.
mais do que posso.
mais do que sei.

agora.

segunda-feira, agosto 13, 2007

coragem.

abraço-te
FORTE
como a vida,
com a vida,
hoje.
por hoje.
porque me és vida
e muito mais
tu
tanto
em mim.

domingo, agosto 12, 2007

on a day like today

penso-te muitas vezes.

sem notar - assim mesmo, sem por isso dar -, chega-me a tua imagem.
vinda por vezes do nada.
vinda sempre de mim.

entristeço-me:
é quase sempre a imagem da doença em ti.
da imobilidade, tristeza, tuas.
da impotência, (essa outra) tristeza, nossas.
de quem.

às vezes dou por mim de volta àquele último quarto de hospital,
onde ao absurdo se chamava medo,
o medo escondia a esperança
e a esperança chorava a vida.

lavávamos os sentidos de nós e de tudo o que não fosses tu,
lavávamo-nos com força de ferida para sermos inteiros,
ali.
como tu já não podias
já não sabias
ser.

olhávamos as molduras sem tempo nenhum
- entre nós e o passado que se queria futuro havia,
há-de haver sempre,
o esvair do sorriso,
o desenhar da dor,
o não-saber quem, como, seremos depois de te (vi)vermos assim.



....






























....




não sei quanto tempo vai durar esta estranheza que umas vezes é luto, outras memória, outras só um confuso não-perceber, ainda, como que um não-aceitar, ainda, ainda, a realidade.
a que.

é-me irreal,
ainda,
tudo.
por mais real a tua paz.


.





passo em londres, por entre sítios de amizade, e sinto, noto que há coisas que mudaram para sempre.
agora lembro-te em londres.
e londres lembra-me de ti.

a baker street - a rua em si, não o seu nome - já não é a rua do sherlock holmes.
a baker street é agora a rua perto do "teu" hospital.
é a rua perto dessa outra, transversal, onde vim apanhar ar, tentar respirar qualquer coisa, quando.
onde me recusei ao fim da esperança, como me recuso agora ao resto, se calhar, recusei aceitar esse fim marcado para a vida, como se me não fizesse sequer sentido a fala daquele homem de pele escura e bonita vestido de roupa clara e vazia, aquelas palavras cruéis, pontiagudas, dilacerantes, de tão certas de si mesmas. como se no recolher o choro pelos outros recolhesse a minha própria dor, eu impotente, eu nada, sentada naquele chão daquele passeio daquela rua, um criminoso cúmplice de tudo com sabor a mentol numa mão, a voz de todos os que ficaram, nessa noite, escolheram ficar, quiseram amar, na outra, naquela rua que dantes, dantes, ia dar à rua do sherlock holmes.
agora não é mais que uma transversal de dor que vai dar ao hospital onde, antes de, deitado nessa (outra) cama de lençóis timbrados, sorrias, fazias piadas, eras tu mesmo, esperando a esperança com o medo sentado ao colo.
e por mais que quiséssemos, que tudo tivéssemos feito para reparti-lo, o peso do teu medo era, será sempre, incompreensível para nós, nós todos que não sabemos o que é o temor
verdadeiro e inesperado
da (im)previsivel morte.

e assim essa palavra se apagou de qualquer conversa.
e é bonito, quase, como mesmo os médicos nos falam sempre de esperança de vida...
quando o que se espera, o que se teme, o que se chora a sós, à noite, no escuro, longe dos olhos e ouvidos dos outros, acima de tudo longe da vergonha de o pensarmos, sabermos, já, dentro, nós... é a morte.

para além dela,
só a vida.

dentro dela,
toda a vida.

depois dela...
nós.

vazios.
irmãos.
contigo.
dentro.
em vida.
nevertheless.

..


sempre.















(e agora, meu missing man, o que eu queria, queria muito, era sorrir-te. agora. confortar-te do que fosse. tratar de ti. ouvir-te a voz, ser tua amiga, como se.
por mais breve o momento.
por maior o sonho.
só porque sim.

agora.)

sábado, agosto 11, 2007

espinho (d)e rosa

























estou farta de não poder descansar o coração em ti.









(imagem: embrace, de robinson tuon)

quinta-feira, agosto 09, 2007

foreign morning

(in love and sadness)





" for i know with the first light of dawn
i'll be leaving,
and tonight will be all
i have left to recall. "


















...




entre o medo e as palavras houve sempre a recusa do amor.

sempre,
neste tempo irreal e verdadeiro
que criaste para nós.

condenaste amor e tempo como se fossem um só
e é como se o não soubesses,
agora.
como se a dor infligida
a desilusão
da descrença
a entrega
ao desistir
pudessem ser lavadas
pelo mar da distância.








.....










mas não.


como essa tua palavra.


tantas
e mais
vezes.


"não".



...






..






.






agora só nos resta fechar os olhos
no abraço do que foi
e fingir que sonhamos.
que sabemos sonhar.
nos.
ainda.

para além de.


até (a)manhã.






















(imagens retiradas do livro Love, Sex, and Intimacy - Their Psychology, Biology, and History, de Elaine Hatfield e Richard L. Rapson)




(..."the morning is just a few hours away"...)

sábado, agosto 04, 2007

em jeito de (re)começo.


"mesmo quando nos mudámos para os quartos que o amigo sindi nos tinha recomendado, ainda me estava a sentir pouco à vontade em londres, com saudades de casa e do meu país. o amor de minha mãe não me saía da cabeça e, à noite, vinham-me lágrimas aos olhos e não conseguia adormecer. era impossível conversar com alguém sobre o que estava a sentir e, mesmo que o fizesse, que diferença faria? nada conseguia aliviar a minha angústia. (...) encontrava-me, portanto, entre a cruz e a espada. (...) agora que tinha chegado, deveria ir até ao fim dos três anos, dizia-me uma voz interior."

(mohandas k. ghandi, "a minha vida e as minhas experiências com a verdade")


recomeço-me do zero.

construo
me

mais uma vez.

viajo
dentro
e fora
do que fui
e sou.



por mais forte o que ficou para trás
- tudo o que, de dor nos lábios,
viveu seu imerecido fim -,
abro agora
agora
caminho:
sorrio ao futuro e regresso a mim.


" não vou lamentar, o que passou passou
eu vou embora, meu tempo acabou
tenho muita coisa para descobrir
eu sinto muito mas tenho que ir

vou pro mundo porque nada mais me prende aqui
é o final do show
e não fique magoada porque vou partir
é só o jeito que eu sou

changes
lá vem meu trêm
vem meu trêm
tô saindo fora e agora eu vou me dar bem
changes
lá vem meu trêm
vem meu trêm
sei que tá na hora e agora eu vou me dar bem
- sempre em frente, nunca pra trás

não é por nada não mas vou me divertir
enquanto a vida assim permitir
só vou procurar fazer amigos do bem
se precisar, ajudar também

e agora a liberdade e o horizonte
só você não sacou
nova york, ipanema ou hong kong
é por aí que eu tô

changes
lá vem meu trêm
vem meu trêm
tô saindo fora e agora eu vou me dar bem
changes
lá vem meu trêm
vem meu trêm
sei que tá na hora e agora eu vou me dar bem
- sempre em frente, nunca pra trás

livre
eu me sinto sublime
gente mais gente
o sol e o mar azul

changes
lá vem meu trêm
vem meu trêm
tô saindo fora e agora eu vou me dar bem
changes
lá vem meu trêm
vem meu trêm
sei que tá a minha hora e agora eu vou me dar bem
- sempre em frente, nunca pra trás
- sempre em frente, nunca pra trás "

(letra de seu jorge)


....



por TODA a vossa força,
gente minha
de diferentes redes,

tanto
obrigada.

quarta-feira, agosto 01, 2007

self-encouragement. as a reminder.


em dia de (nova) partida.
até mim.

porque parto de dor nos olhos.
(parte de lágrimas sem voz ou falar...)
mas parto inteira.
(parte cheia...)
a latejar.




















" Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

Ver-te sorrir eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será de ti ou pensas que tens...que ser assim?...

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

Ver-te sorrir eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será de ti ou pensas que tens... que ser assim?...

Olha que a vida não, não é nem deve ser
Como um castigo que tu terás que viver
Olha que a vida não, não é nem deve ser
Como um castigo que tu terás que viver

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar "



(antónio variações)



....



















(imagem: departure, de NguyenDinh Dang)