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sábado, dezembro 13, 2008

round here









encontro amigos.

reencontro-me
neles.

no que somos
nós.


abro meu olhar
e sou-me eu,
aqui.
sem o medo,
a solidão
- estátuas de água que desenho e habito...


estendo mãos,
encontro abraços.


sorrio fora
e é dentro que me marulha a vida.


em embalo de ternura
e gente de olhos que me dançam mar.
em força
nudez
coragem.




.






partilho meus marulhos com quem me é maré que enche.
e vaza.
e é vida
de sentir.











em tudo a partilha da verdade.

os sorrisos.

as mãos.

os olhos.

as lágrimas de dor imensa que em mim tatuam uma outra vida.
dentro.
em certeza de sangue.

de ser.


sermos
juntos.

em passo de pôr-do-sol
e floresta.
por lagos
e por risos
e por nós

e ser-nos tudo
esse tanto
de dar.


sem pressa.


tão devagar....


um só
nada
a medo.





até à praia nova
desta gente
que me encontra
me encanta
me descobre.
















..


















(e dizem
dizem
que é isso a vida...)






sexta-feira, setembro 05, 2008

(n)a dor de alice











.

suicide watch
is an intensive monitoring process used to ensure that an individual does not commit suicide.

.









..











eu estava sentada a seu lado, um lugar de sofá no meio das duas, a minha mão a transpô-lo, pousada sobre o seu ombro, fazendo festas até onde chegavam meus dedos, querendo quase entrar por sua pele para chegar dentro, fundo onde lhe gritavam as vozes que não ouvia eu, que não ouvia ninguém senão ela, que lhe ensurdeciam o falar e lhe emudeciam o ouvir;
e por isso o toque, o tentar do toque, o toque desesperado por chegar dentro, dentro até que minhas mãos tapassem a boca a essas vozes injustas e mentirosas que empurravam aquela alice de cabelo de fogo para o buraco mais fundo de si,
longe de tudo,
de todos,
longe de tudo o que é
vida
na vida.



















" you see..




i wasn't supposed to be alive by friday......"
























disse-mo em murmúrio,

como quem fala do que é certo,

sem caminho de regresso.





um segredo que me confiava como quem confia tudo.






















e eu tive vertigens de sua morte planeada.



































...








falava-me por entre os soluços que lhe rasgavam o respirar,
sem nada mais que não o negro da côr imensa de si, esse escuro de facas afiadas e comprimidos engolidos por anos de injustiça, desamor, desconsolo.


e eu pensei
pensei
que não é justo.


a balança a tornar-se mais e mais desigual a cada dia
e nós sem saber, sem saber o peso de cada hora.

o peso de não saber-se de si.

de perder-se,
deixar de ser-se
esse tudo
que se é.


e tão fácil, a queda.....












frente a meus olhos caía, e eu sabia que ela caía de olhos fechados, cerrados como punhos, e assim se deixava ir, sem responder a ninguém, sem levantar a cabeça para olhar-nos, já, sequer, nada de si senão aquele corpo de menina por si mesma abandonada e aquele choro angustiante, sufocante, sumido,
a contaminar-me o sangue de tristeza e revolta.


inadmissivel não pegar nas mãos de quem nelas segura seu próprio presente e levantá-las até que veja, saiba, sinta tudo o que é, pode ser, sempre, a cada dia, cada minuto, ainda, sempre, a vida.


querer abaná-la e dizer pára, pára as vozes, pára tudo o que te atormenta, mergulha para fora de ti se preciso for que te agarramos, nós agarramos-te,
só não vás.
não assim.
não antes de tanto de ti.


mas ela menina, enrolada em si mesma,
pequenina pequenina,
pequenina de medo e tão adulta de dor...




medo de quebrá-la, quase...
cuidar como se,
porque,
pássaro de asas partidas.
alimentar.
ser guarida.
dar descanso.
sem paredes brancas, médicos ou vozes estranhas.
sem o medo de nada.
sem o nada lá fora.
sem curso de nada para além do sentir.
nada senão cada momento.
agora.



na quietude da noite dormiu como quem se entrega ao descanso dos braços de uma casa, amigo, porto de abrigo.

na luz meiga do dia pegou-me pela mão e levou-me por seu labirinto de árvores entrelaçadas em nós enferrujados de memórias escuras e flores murchas de seu próprio abandono,
e pelo enevoado do medo consegui ver que olhava ainda para cá.
para nós.
dentro.
olhava.


falei-lhe das luzes que alumiam o dia,
das velas que se apagam para que possa vir a noite que descansa, apazigua, ameniza, serena...


deixa que venha a noite, serena.

que te seja sereno o dia.

todos os dias.

deixa...











o que se pensa é só isso,


um pensar.







a vida toda é um pôr-do-sol




uma mão dada no escuro




o mar.














..










(imagem de john tenniel)

segunda-feira, abril 28, 2008

regresso







" avião lisboa-londres, 27.abril.08



parto de novo.



vejo de cima a terra que amo tornar-se pequenina, mais e mais, até me caber na palma dos olhos, ser não mais que essa lembrança que me marca o ser(-me), força de gente e sentir, causa e recusa de inconstante chorar.



há caminhos desenhados lá em baixo. caminhos desejados que levam onde quis, soube querer, em sonho e vida, um qualquer outro (de) nós.
que sonhamos, podemos, queremos.
mesmo se, quando, às vezes também porque, esquecemos:
somos sempre o que em nós próprios traçamos.





abril trouxe-me a força da vontade.


as papoilas de meu alentejo cantaram-me de côr a vida.


os amigos que família, família que amigos, marulharam-me o tudo que sou.



e eu sei
eu sei
que tudo é querer.



acordo-me dentro do sonho
e desafio-me a escolher:


ganhar asas?
voar para casa?




...





- ser humilde.



viver. "


















...







" let me fall,
let me climb,
there's a moment when fear and dreams must collide

someone i am is waiting for courage,
the one i want,
the one i will become will catch me

so let me fall
if i must fall,
i won't heed your warnings,
i won't hear them

all i ask,
all i need,
let me open whichever door i might open

let me fall,
and if i fall
all the feelings may or may not die

i will dance so freely,
holding onto to no one,
you can hold me only if you too will fall,
away from all
these useless fears and chains.

someone i am is waiting for my courage,
the one i want,
the one i will become will catch me

so let me fall
if i must fall,
i won't heed your warnings,
i won't hear

let me fall,
and if i fall
- there's no reason to miss this one chance,
this perfect moment -,
just let me fall. "








..






(com um abraço
forte
de tanto
à cláudia,
amiga de tudo,
que me amparou a queda de angústia
nesta terra de saudade
e me sempre lembra as asas
as alturas
a gana
de meu voar em liberdade.)
















..








(imagens, música e poema retirados do espectáculo quidam, pelo "cirque du soleil")

sábado, abril 05, 2008

(em) descoberta








" i wonder if i've been changed in the night?
let me think. was i the same when i got up this morning?
i almost think i can remember feeling a little different.
but if i'm not the same, the next question is
'who in the world am i?'
ah, that's the great puzzle!
"

(lewis carroll, alice's adventures in wonderland)


















..






abrando o tempo.

o corpo obriga-me a olhar a alma.






olho quem sou

de olhos abertos.





não vou passar
perder
mais
(o) tempo
a esquecer
o que esquecer
nada trará.


por mais a dor de ir
sem poder deixar caixa,
água,
redoma.







sorrio à vida.


ao que nela existe
em verdade
e justiça.




lembro o que quero.

o que amo.



e sigo em frente.



con_tudo.


devagar.


sem correr.


sem correr mais.



sem correr senão para sentir no corpo
o vento que me sorri vida e mar.



sabendo
tão só
tão fundo
o tudo que me é embalo de voar.









































...












" 'everything's got a moral, if only you can find it'.
and she squeezed herself up closer to alice's side as she spoke. "


(lewis carroll, alice's adventures in wonderland)





(imagem primeira: day will come, de haleh bryan
imagem última de gundega dege)

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

partida(s)
































demorei-o no abraço de então.

eram imensos os dias de distância entre nós, as vidas que vivemos longe, o tudo que nos não foi partilha, as dores, os muros, as alegrias, as vitórias, as saudades do que fomos, o orgulho-às-vezes-vergonha do que somos, vamos sendo neste presente de dia acrescido.

este de hoje.

em que dou forma à partida de ti.

















(when dream is gone, haleh bryan)










it ain't no use to sit and wonder why, babe

if you don't know by now



an' it ain't no use to sit and wonder why, babe

it'll never do somehow






when your rooster crows at the break of dawn

look out your window and i'll be gone



you're the reason i'm trav'lin' on











...











don't think twice, it's all right
































it ain't no use in turnin' on your light, babe

that light i never knowed



an' it ain't no use in turnin' on your light, babe

i'm on the dark side of the road






i wish there was somethin' you would do or say

to try and make me change my mind and stay



we never did too much talkin' anyway











...











so don't think twice, it's all right
















encaixoto a vida que aqui fui para a reabrir noutro lugar, outro espaço, meu, onde viverei de portas abertas, a deixar entrar o ar e os outros, a música que chega até ao silêncio dentro, que o faz cantar, me acorda de mansinho, me liberta, me devolve devagar (a)o poisar do sentir.

































...







nesse outro lado de mim, agarro-me ainda ao que não tenho ou sei.





e não te deixo
nunca
morrer em meus sonhos.







..







morres-me só neste tudo
esta vida
este ser
de cada instante.































morres-me







todos os dias.
























...









it ain't no use in callin' out my name, boy

like you never done before



it ain't no use in callin' out my name, boy

i can't hear you any more






i'm a-thinkin' and a-wond'rin' walkin' down the road

i once loved a man, a child i'm told



i give him my heart but he wanted my soul











...











don't think twice, it's all right




































so long,


honey babe


















where i'm bound, i can't tell


















goodbye's too good a word, babe


















so i'll just say fare thee well


















i ain't sayin' you treated me unkind

you could have done better but i don't mind



you just kinda wasted my precious time











...











but don't think twice, it's all right

















.












(imagens adicionais de cig harvey, katia chausheva e noronha da costa
poema: adaptação de
don't think twice, it's all right, de bob dylan)

sábado, janeiro 12, 2008

ano novo. (em) diário.






lisboa, 28 de dezembro de 2007



é natal e eu sou menina,
em minha terra de vida e força do que me é tudo.
porque a mim me sou nesta cidade de paz e confiança, sem máscaras, chuva negra, não-mar.


é natal e sou menina.
como quando meus todos avós eram vida, e nessa casa cheia de risos o natal era gente tanta. viva.


é natal e eu sou menina em minha terra de mar.
ando como nuvem, eco contínuo de paz, como se um enorme espanta-espíritos, em sons de lisboa, me guiasse o tom dos passos.

os sorrisos são abertos, são-me tudo, e há em cada corpo que aperto o sentir da vida que sou, a que regresso sempre, aqui, como se nunca (a) partida.

dos olhos de minhas novas infâncias bebo o saber de quem sabe nada e nada teme, e tem como seu-tudo o riso, o riso que enche de vida o espaço de quem esteja, que por sobre o presente nos embala o futuro em alegria criança. de existir.

é natal e sou menina.
com(o) eles.
neste todo tudo que lhes tenho, este sentir mais limpo de toda a vida.
mais do que.
tudo.


é natal em minha terra de sol.
conheço gente que me não conhecia, mesmo se tanto, já, entre nós, e o perto que somos tem o carimbo do amor a nossas raízes, também, das mãos que agarram a terra e a apertam até que se entranhe, até que seja tão verdade quanto o sangue que bebemos dos lábios que não beijamos nunca, e serão sempre desejo de outra vida, aventura (in)imaginável do que um dia, se.

evito os olhos que poderão prender (essa tão má tradução de nosso cativar...) e devolvo os meus ao mar, para que os renove, me tome, possua, me refaça,
menina,
uma outra vez.

visito lugares do passado, onde fui (essa) menina e tudo me era enorme, naquele quarto com malas e malas e mais malas e mais, côres de brilho e vida com que brincávamos a tantas mãos, quartos escuros de pó e recordações, vidas, vidas, onde entrávamos à descoberta de um passado que não sabíamos explicar, indecifrável magia de nosso brincar, o quarto dessa bailarina formosa, generosa, dança e vôo em palco de vida, que não saberia nunca que um dia nos choraria, antes demais, o tempo - este vazio de espaço dentro nos lugares em que faltará sempre mais que uma presença.
porque há dias em que poderia simplesmente chorar(-te), meu missing man.

.


sou presença nos amigos, alguns de há tanto, tanto tempo que quase nos não lembramos já da vida sem. e faço, (re)conheço novos, sei que juntos criaremos, nasceremos (em) momentos de partilha e sorriso, olhares que começam a saber ver-se e. como se espelho, realmente, o que.

juntamo-nos, gentes agora distantes, e somos um outra vez, nós, grupo de tantas histórias, tantos momentos, partilhados viveres de uma vida só.
a todos abraço forte, forte muito, porque o tempo escasseia e nós sabemos,
sabemos,
que a vida não é nossa para saber o amanhã.
vivemos hoje o que somos,
e juntos,
juntos,
somos força de amizade
em riso e noite
de lua e de nós.










natal.
eu menina, sentada em frente a este mar que me fala dentro e mistura em sua voz o marulhar das vozes morridas, (e)terna presença em meu espelho de olhar.


é natal e eu sou menina.

é natal em meus país de mar.










..









....










é como um (re)acordar....
regressada da cidade de mim,
que me viu nascer
e fez
- faz -
crescer,
acordo em quem sou com tamanho sentir que poderia chorar a cada passo que dou,
cada cheiro que (re)lembro,
cada enlace que guardo dentro,
marulhado de sonho (d)e vida.




que este ano
de imensos dias,
vos seja o viver de um dia,
um momento,
um sorrir,
sempre,
de cada vez.

a todos vocês
que me acordam (a)o sentir.

e a todos os que
sem o saber
no-lo fazem.
diariamente.






























" we are the music makers




and we are the dreamers of dreams. "
*








..





lembremo-lo.


a cada dia de nós.







* do poema Ode, de arthur o'shaughnessy
(imagens: traveler 48 at night, snowglobe, de walter martin e paloma muñoz
m.l.f., praia de carcavelos, dezembro.2007)

sábado, setembro 29, 2007

minha terra, liberdade de amor e mar


o sangue da língua,
a canto das veias,
o vento da voz....

ouço na noite as gaivotas que me chamam à terra de mim.























.....





aterro.

o calor do sol...


eu maré de perguntas
livres de sentido e respostas.


- como é que...?
- mas não...?



- for good?





..




(for good.................................?)





..




lisboa.
ando pelas ruas.
ando

cheia de tudo o que sou.
cheia
como a lua.
com a lua.
cheia.
mesmo se a cheiura de mim
é tão relativa quanto o amor que foi (sen)tido.
contínuo.
contínua.
continua.
continuo.


prossigo.
ando.
ando mais.
ando muito.
os rapazes da água a gritarem-me ao sangue,
a fazerem-me mar
aqui
em mim.
that was the river.
cada minuto
passado.
this is the sea.
cada minuto
presente.


o mar, o mar, o mar...
meu mar de embalo,
meu mar de mim.........


entro numa casa.
fala-se amor à minha volta.
há olhos de meninice,
nos que crianças e nos que não.
olho-os ao espelho e sei-os verdade,
a cada um,
no que me é dentro,
no que somos,
como um,
tanto,
para sempre.
- minha família de sangue,
tribo de amor e justiça...


passo no bairro das ruas tortas,
que se entortam,
e são como um filme, os amigos.
olho-nos de fora sem que o saibam
e sorrio tanto,
é-me tão feliz este tempo todo,
anos de nós,
de intimidade
e cumplicidade,
que ficam,
e agora outra vez,
mais esta vez,
aqui.



(decido não fazer por tentar ver o amor, descobri-lo, um vestígio de, como se não fosse tão cruelmente óbvio, o seu estrangular na escolha da vida sem, desequilíbrio, desequilíbrio, resisto, desisto, caio de novo, caio nos olhos, na vontade, no presente, um momento, um só, um só que queria saber que querido também, só, caio, caio, nós cada vez mais longe, sem a fala, sequer, caio, calo, caio, dói-me a dor, a sua também, dói-me tamanho cansaço de vida, sem que possa, sem que ouse sequer tentar ajudar, porque agora, porque o amor deitado fora, o violar do sagrado, o abandono, tão só isso, total, longe, o alívio que já não vem de meus braços, a paz que se consegue sem mim, caio, caio, mas caio com asas, asas que me esqueço de abrir, esqueço de usar, porque não sei, não sei ainda, e era contigo que eu queria dançar.
acordo antes do fundo, ladeada por esse lugar em tempos imaculado, intocado por quem senão, acordo, acordo, bato as asas, danço de olhos fechados mas danço, suspensa, surpreendida, ainda, neste limbo de transição, sem ter aberto de vez a mão para deixar, também eu, ir o amor sem salvação, roubado até de seu porto de abrigo, sem asas ou vida humana que o lembrem de ter sido real.



cuando te hablen de amor y de ilusiones
y te ofrezcan un sol y un cielo entero;
si te acuerdas de mí no me menciones
porque vas a sentir amor del bueno.

y si quieren saber de tu pasado
es preciso decir una mentira,
dí que vienes de allá de un mundo raro,
que no sabes llorar, que no entiendes de amor
y que nunca has amado.

porque yo a donde voy, hablaré de tu amor
como un sueño dorado
y olvidando el rencor no diré que tu amor
me volvio desgraciado.

y si quieren saber de mi pasado,
es preciso decir otra mentira,
les diré que llegué de un mundo raro,
que no sé del dolor, que triunfé en el amor
y que nunca he llorado.





e eu hei-de deixar de sentir-nos em cada rua de então.)



.





é fim de tarde.
de todos os cantos da fotografia me espreita a luz de cima, em céu claro, azul de olhos, também, sol radioso, radiante de vida nesta cidade que sou.
mesmo se por vezes
ainda
aqui
me não acho lugar.
em todas as ruas te encontro.
ainda.
em todas as ruas me perco.

..

dá-me a mão, lisboa, vem perder-te comigo, vem ser em mim a beleza de força e entrega de minha mãe, vem sentar-te a meu lado ver a bianca luz que nos invade de carinho, já, vem abismar-te de orgulho e gratidão por essa cinderella que tanto dá aos que lhe são dentro, e que agora abre coração e vida a uma menina a quem ensinará o amor, a família, a segurança eterna de não estar só.
e o mundo, só por isso, ser tão mais bonito e alegre, hoje.


...


o mar, o mar, o mar...
meu mar de embalo,
carinho,
certeza...
mar da comporta,
mar de mim...............



















...






minha casa de água salgada que não ouso ainda provar,
por mais que me (es)corra na pele...
faço-me as malas.
(re)parto(-me) de novo.

mas aqui morarei um dia.
sei-o,
fundo.

por mais que eu.
por mais que tu.
por mais que o mundo.







(" the times we had
oh, when the wind would blow with rain and snow
we're not all bad
we put our feet just where they had, had to go
never to go

the shattered soul
following close but nearly twice as slow
in my good times
there were always golden rocks to throw
at those who,
those who admit defeat too late
those were our times
those were our times


and i will love to see that day
that day is mine
when she will marry me outside with the willow trees
and play the songs we made
they made me so
and i would love to see that day
her day was mine" )






















(poema un mundo raro de josé alberto jiménez)

terça-feira, setembro 18, 2007

por sempre. para sempre.






















“ tenho uma amiga que me conhece para além do tempo. para além de tudo.
tem olhos de céu, sorriso côr de criança e a vida a nascer-lhe das palavras.
com ela, por ela, escolhi, reaprendi essa vida, a vida viva, essa de dádiva e abraços, há 14 anos atrás.

tenho uma amiga que me conhece para além de mim. para além do que.
olha-me nos olhos e eu sei que posso ser verdade, sei que quero ser vida, que preciso ser eu.
com ela, nela, a dor e a morte são derrotadas.
por ela, a coragem da vida renasceu. ”

(lisboa, 18.07.07)


...


no ano de ’93, sem que nos conhecêssemos ou soubéssemos quão perto estavámos, já, quão enleadas nossas vidas se tornavam, flechinha e eu vivíamos sentires semelhantes, inigualáveis de dor e espanto, incompreensíveis por todos os que não os sofriam, ali, connosco, nós adolescentes atordidas de realidade e adulthood, sem aviso ou trégua possível.

quando nos conhecemos, quando primeiro falámos e nos sorrimos de e em vida, apesar de tudo o que, passava um mês exacto sobre dessa data que nunca ouvirei ou sentirei de maneira quotidiana, nunca será confundida com nenhuma outra, nunca fará parte de um calendário normal, como se viessem todos com defeito de fabrico, como a vida, essa, todos com esse dia assinalado a dor.
eu tinha já feridas abertas que não entendia mas me ardiam, lágrimas com sabor a morte, um viver que eu desconhecia e não sabia sentir.
ela vivia o pesadelo dos dias que traziam a incerteza da certeza do medo do amanhã.

lambemos feridas juntas, trocámos vidas e lembranças desses dias de desespero e confusão, tantas e tantas vezes, tantas e tantas noites de palavras e lágrimas e partilha de tudo o que éramos, queríamos ser, e o que não sabíamos que era em nós, também. fomos dúvida do presente agarradas ao passado, mas fomos juntas, passo a passo, em direcção a qualquer coisa que existia, devia existir, lá mais à frente - flechinha com todo o amor, força e uma recusa quase teimosa em ver-me desistir do que fosse em mim.
porque eu, eu afundei-me na dor não-prevista e injusta da morte de quem tanto vivia e mais queria viver.
eu quis afundar-me nos dias, ser sombra, ser não-vida. recusar-me ao viver em jeito de protesto. e quando me recusei a sair de lisboa porque o corpo de quem, mesmo se morto, era aqui que morava, aqui condenado a ficar para sempre, quando disse não ao viajar para qualquer sítio que me tirasse desta cidade, que me tirasse da proximidade do seu corpo, porque isso pelo menos – acreditava eu – existia ainda, e me parecia tão injusto, tão terrível aquilo que eu via como abandono, flechinha, em meiguice e impenetrável amizade, estendeu-me a mão e puxou-me à vida. quando ninguém mais, eu culpada, o pôde fazer.
durante meses a fio, esteve a meu lado, até eu voltar a saber ter e viver o peso do que era em mim própria, sem refúgios, fugas ou abandono de mim.


para além da distância que a vida sabe e pode trazer, soubemos ter-nos sempre dentro, por maior o longe fora, por maior o mundo em muro entre nós: eu sabia, soube sempre, que no momento do precisar a vida não me faltaria. porque ela.


quando emigrei, o conforto de sabê-la na mesma terra.
ela que me precisava, também, tanto, mas que apesar disso, quando lhe confessava o choro, quando me doía o medo e o peso da fraqueza da saudade, me dizia “se não és feliz, se assim, aqui, não consegues ser força na felicidade, vai. volta. volta para longe de mim, mas fica perto do que te faz força e te é dentro.”
...
fiquei. com a sua força na minha, também.
fui ficando até voltar,
voltando até ficar.


aquando do início do pesadelo, no ano passado, embrulhou-me a amizade em presente – ela que tanto poderia ter-se “desumanizado”, por tudo o que, nesse ano – e tentou, da única forma (im)possível, proteger-me do futuro que já tinha vivido.
esteve comigo, a meu lado, sentada na cadeira que não existia naquele quarto de hospital que não sei já se existiu, também, de manhã à noite, e madrugada fora, flechinha esteve comigo a cada instante de espera, ânsia e recusa do amanhã, tanto e tão mais do que outros, “perto”...
e nunca
nunca
me abandonou em mim.
a ela, só a ela, confessei – nesses dias de desmesurado nada - a fraqueza sob o peso que não queria admitir a ninguém mais. mesmo se. porque.
- não aguento mais. é como que lhe paro o sofrimento?, é como que se vive isto?......
e ela, a meu lado, a vivê-lo comigo, a sofrer comigo, sem nunca, nunca, me largar a mão ou a vida.


...

e agora,
agora,
ontem ainda,
no carinho e calor de uma casa de tanto e tão bonito, tão sentido amor, flechinha e sua metade a “convidar”em-me a ser madrinha do novo ramo de sua árvore de vida.
godmother lhe chamam na terra onde vivemos nós.
...
e assim, pela mão de flechinha, como tanto mais, antes, me torno mother pela primeira vez.
e nem sei dizer do orgulho que me traz lágrimas à voz e este sorriso de sentir aos olhos por ser um filho seu, vindo dessa união de tanto tudo, que me é tão dentro, que faz querer chorar de feliz, eu simples visita nessa casa de amor.
e penso, sei, que não poderia ser de outra maneira. de outra pessoa, antes de.

porque nela a força.
nela o apoio.
o exemplo de coragem,
não-entrega ao que tenta
e faz por
vergar e quebrar.
nela o amor.

e agora,
pela mão dela,
de novo,
a vida.







“ fechar os olhos, erguer os braços e dizer-lhe “vou contigo.”. isto é claridade, melodia. duas mãos dadas. a parte de dentro e de fora da laranja.
(...)
parou. abriu subitamente os olhos e compreendeu. então, olhando em redor, pensou: onde quer que estejas, obrigada. jamais te esquecerei. ”

(do livro que me deste há quase 11 anos...)



...




obrigada a ti.

pela vida.

fixed.




(imagem: (e)terno abraço, retirada daqui)

sábado, setembro 08, 2007

homesick

.
adj.
acutely longing for one's family or home.

.





















minha amiga de tanto:


vim aqui dizer-te que sei.

eu sei.

sei do peso da saudade.

sei dos dias de acordar difícil,
em frio,
como se todo o sono tivesse sido de olhos abertos em lembranças.

sei que é quase sem-razão
a não-partilha com quem nos foi toda a vida,
diariamente.

sei o que faltam,
o que custa faltarem,

os olhos

as mãos

os
sorrisos.


sei dos dias de querer outro acordar
que não o do silêncio de uma casa vazia de vozes ou memórias vividas.




e a verdade é que a saudade não muda,
permanece,
posso dizer-to porque te não minto.

mas nós podemos
podemos escolher
mudar nela.


e permanecer.

lá onde a nossa gente tem sorrisos de aldeia e mar
mãos que a nossa sabem de cor
olhos onde somos quem fomos.


permanecer.

por maior a fundura, o longe, o medo de tudo.


porque sabemos
sabemos
o quanto
tudo
permanece
em nós.


..

façamos por viver, amiga de mim.
ocupemos o tempo em vida,
a mente em ser presente.
(d)o presente.
que tudo tem em si.
em nós.

como (re)tem o passado
e sorri
a medo
ao futuro.


...




falta o toque, eu sei...
o perto.

o antídoto para esses momentos que nos desavisam da força
e nos fecham dentro, aninhadas de saudade.


falta...


.





por isso aperto a tua mão.































porque sei.














(imagem: drawing hands, de m. c. escher)

sexta-feira, julho 27, 2007

(a)o pé da partida.






















volto à minha escola de adulta-menina.
visito quem fui.

durante 5 anos, estas paredes me viram crescer cair reviver amar mudar de vida trocar de amor aprender coisas conhecer quem sou namorar crescer.

aqui fiz amizades para uma toda vida
e é tão estranho estar de volta que podia chorar.
pelo que não volta, nunca mais.
e no entanto a felicidade, a liberdade, o ar puro de agora.
que dantes, aqui, eu não via, não sentia, não sabia em mim.
mesmo se os outros.

sentávamo-nos aqui, como outros, como estes que agora se sentam nas nossas cadeiras, às nossas mesas, nos nossos lugares.
daquela mesa lembro um silêncio que me fez perceber o amor da amizade.
nesta em que me sento, “o búzio de cós” me chegou à vida, e as palavras nele escritas à mão por essa menina de sempre em mim me fizeram saber a força e eternidade de tão inqualificável amizade.
com ela, por ela, o menino que vai ser pai a ser menino dentro, ele que a cada reencontro me lembra e faz saber que seremos sempre sorriso e cumplicidade.
para além da distância do tempo.
ou do tempo da distância – tanto me faz.

aqui pela primeira vez os ciúmes desse amor que eu não sabia,
mas que afinal.
ano após ano.
até que.

aqui vivi muito.
ri, partilhei, fui feliz.

aqui, nesse tempo, a partilha nos movia a nós, amigos maravilhados na nossa própria amizade.
mais, muito mais que qualquer outra coisa, qualquer outro querer,
nós queríamos dar, mostrar, partilhar.
queríamos ser.

por isso hoje – hoje – somos
conseguimos ser
ainda
nós.
em nós.

por isso sorrio, de lágrimas nos olhos,
a essa melancolia feliz do que não volta
mas é.
para sempre.
















(imagem: woman with umbrella, de michelle whitcomb)

quarta-feira, julho 18, 2007

a vocês que me vê(e)m escutar marulhos

“ comovermo-nos é estarmos cheios de nós. ”

(vergílio ferreira)



..





aos que sei
e aos que não,
aos que em silêncio
e aos que em palavras,
obrigada.

por me encherem de mim.

convosco dentro.

como que um consolo
de força
e paz.
























...




mesmo.



















(imagem: asleep, de diong)

domingo, julho 08, 2007

in-between.

passeio a vida nas palavras que sinto
no tremor que confesso
e me torna o rosto incolor
o sonho ténue
os olhos mornos
de mim.


mostro
me
em silencio
a quem
perto
me quer
tanto.
sem mais nada.

cubro
tudo
de palavras
a quem
longe
tanto
me quer.

mas.
























(desafio.
me.
- se o dia acabasse
pela manha
de que cor
a saudade

do sol na pele
da pele nos outros
do mar vivido
do sonho de ti?)







......











...










“yo llore porque no tenia zapatos
hasta que vi un niño que no tenia pies”


oswaldo guayasamin





.













(imagem: llanto, de guayasamin)

quinta-feira, julho 05, 2007

(um) regresso.

volto lá.



















....


quando me lembrei de partilhar marulhos esse lá era o meu "cá".
este cá era o meu "lá".

..

e agora volto.


sem esperar nada, querendo só ser.
saber a vida, de longe, sentir se me fala de perto.

era aqui que vinha, quando. a minha casa, a minha terra.
agora vou ouvir o que me diz essa minha terra de outro lugar.

o liveearth vai fazer-me sentir vida.
é isso a música em mim.
mais ainda se ao vivo, no meio de tanta, tanta gente que o sente também.
é mágico.


vou talvez finalmente fazer o meu salto de paraquedas.
agora a fazer-me ainda mais sentido.
agora voando ainda mais alto.
com.



vou estar com amigos dentro, tão dentro como, que me sabem e confortam antes mesmo de eu o saber.


vou ver a minha outra cidade.
tão diferente.
tão, tão diferente...
e tão minha, também.
nevertheless.
tanto que tenho
mesmo
saudades.

.



disse-lhe
- a ver se me encontro, por lá....


e ele respondeu só
- dá-te um abraço meu, se te vires :)




....






e é só isso:





voltar.
agora.
respirar.
e perceber
saber
o que quero ser
e valer.



" Yo adivino el parpadeo
de las luces que a lo lejos,
van marcando mi retorno.
son las mismas que alumbraron,
con sus pálidos reflejos,
hondas horas de dolor.
Y aunque no quise el regreso,
siempre se vuelve al primer amor.
la vieja calle donde el eco dijo:
"Tuya es su vida, tuyo es su querer",
bajo el burlón mirar de las estrellas
que con indiferencia hoy me ven volver.

Volver,
con la frente marchita,
las nieves del tiempo
platearon mi sien.
Sentir, que es un soplo la vida,
que veinte años no es nada,
que febril la mirada
errante en las sombras
te busca y te nombra.
Vivir,
con el alma aferrada
a un dulce recuerdo,
que lloro otra vez.

Tengo miedo del encuentro
con el pasado que vuelve
a enfrentarse con mi vida.
Tengo miedo de las noches
que, pobladas de recuerdos,
encadenan mi soñar.
Pero el viajero que huye,
tarde o temprano detiene su andar.
Y aunque el olvido que todo lo destruye,
haya matado mi vieja ilusión,
guarda escondida una esperanza humilde,
que es toda la fortuna de mi corazón.

Volver... "









(poema de alfredo le pera
imagem de ana nicolau)

terça-feira, junho 05, 2007

exorcismo.










.....




livro-me de (outras) dores.

parto delas
para não ter
nunca mais
que partir de mim.





[montagem: abandono, de ana nicolau - 27.março.2007
música: window, de the album leaf
poemas: sophia de mello breyner andresen, por luís miguel cintra
imagens: peter kozikowski, walfran guedes, gustav klimt, elena vasilieva, isabel faria, philip kaufman, rodin, munch, guayasamin, noronha da costa, stanley kubrick, desiree dolron, eugeny kozhevnikov, graça morais, entre outros (nomes de autores não mencionados nas páginas onde os encontrei) ]

sexta-feira, maio 25, 2007

gratidão.



reencontro amigos de há muito.
os que há muito não via
e os que o são
a cada dia.
reencontro-os, um por um.
a cada encontro
por mais breve
fazem-me sentir
demonstram-me
relembram-me
a força
mágica
da sua
nossa
amizade.
sei com quem conto.
mais que isso,
sei com quem posso contar.
sempre.
para além de tudo.

(a vida ensina-nos tanto.....)

em cada um de nós
se acumulam problemas.
a realidade afasta-nos.
assim se justificam os que.
sim,
tenta.
a realidade tenta afastar-nos.
mas permanecemos
teimosos
verdadeiros
quem somos.
nós que somos
permanecemos.
na amizade.
no equilíbrio.
(agora precisas mais tu.
agora preciso mais eu...)
na entrega.
no olhar um pelo outro.
um para o outro.
para além de tudo.

porque fazemos as palavras
entregamos o olhar
a presença
o carinho.
a força partilhada
na certeza de não estarmos sós.
nós, força de vida.
para a vida.
juntos.
em amizade.
para além de tudo.

a vocês
meus amigos de sempre
que são minha família
tanto e também,
a ti
família de mim
tanto e sempre
amiga,
o meu obrigada
sem tamanho
pela vida
nevertheless
em tudo isto.
pela força
que para eles terei
também
mais ainda
como que teimosia
naquilo que é o dia de hoje.



















e há mesmo verdades
amizades
incontestáveis.

para além de tudo.

sexta-feira, abril 20, 2007

à mulher que não sabe de si





envio-te paz.
abraço-te em tanta paz, toda esta que me enche, vinda do amor a tudo o que me rodeia, que me é vida maior que tudo o demais.

andas tão perdida que te cegas do espelho, e pensas que já te não leva para terras longe, tão perto, onde tudo é lua e mar, mar e lua, e a vontade do que se quer é regra para que aconteça a vida.
abre o medo e olha em volta: o mar ecoa ainda dentro da concha fechada em ti. a lua marulha-te os sonhos no sal dos olhos que reconheci.
e existem. sempre. assim. no que és, dentro e fora, por mais que te falte o caminho agora, por mais que o lodo te sufoque a vontade de lutar e viver.
um porto que já não abriga não é o fim – é transformação, amanhecer.
o sol que então te cega é o mesmo que te há-de aquecer.
e os passos que não sabes de cor guiar-te-ão o anoitecer.

dos teus braços nascem ramos que julgas condenados, amaldiçoados, perdidos da chuva e do sol.
não.
ergue-os, sente o sol que te aquece o rosto marcado pelo cansaço da vida, deixa-te cair sobre a terra e sente o rio, adormecida. respira fundo, respira o mundo, respira a vida que te lateja nas veias, raízes, certezas de ti.

eu sei quem és.
sei que medos o presente te traz.
mas sei,
mais do que isso,
sei do és capaz.

acalma o dentro.
lembra e deixa fluir a beleza do amor,
por ti e em ti.
porque é só isso a vida.
e porque vives para ser feliz.
nada
ninguém
senão tu
pode libertar-te da prisão em que te guardas.
que é só tua.
nada senão tu,
livre e em amor.


...




sei que o escuro, gasto e velho,
te assombra a vida futura.
que o desespero que também vivi
é luta injusta de tão dura.

mas abre uma nesga do espelho,
deixa entrar o canto do mar!
levanta-te no esplendor de ti,
renasce, onda, em teu rebentar!

amanhã, ao clarear,
sorri de felicidade divina -
acolhe o mundo no teu quarto.

sem o medo, sem vacilar,
goza a vida em amor, menina,
feliz em teu próprio parto.



























....









(imagem: resistence, de ana nicolau)

quarta-feira, abril 18, 2007

carta ao filho do menino que vai ser pai

querido pequenino,

benvindo.

sei que não nasceste ainda, mas como diz o poeta “em qualquer aventura, o que importa é partir”, e tu partiste já para te juntares a nós nesta vida que, diga-se o que se disser, digam-te o que disserem, é mesmo muito boa e bonita.

falei-te do poeta porque sei que não vai ser preciso muito tempo até que aprendas a palavra poesia, que a sintas no sangue, no sentir, no respirar, como o teu pai.

o teu pai, esse crescido sempre menino, há-de ensinar-te a poesia.
ou talvez não ensinar-te, porque não é assim que ela se aprende, mas há-de acarinhar-te com o sorriso do vinicius, do pablo, do drummond, da sophia ou do eugénio, entre tantos outros. e hás-de, tu também, tratá-los por tu, pelo primeiro nome, esses amigos que nunca conheceremos, mas que a nós parecem conhecer tão bem.
como há-de embalar-te ao som da elis, do chico, do tom, do toquinho, e tantos outros que te pintarão os sonhos com a música da poesia, com as suas próprias palavras, e as desses outros que nos dão a magia da vida de bandeja, mesmo quando a não vemos nós, meros e especiais mortais, que com eles encontramos a felicidade numa nesga de mar, num pedaço de fruta, ou num abraço amigo.

a amizade, pequenino, também ele ta há-de ensinar, e que professor vais ter! teu pai menino é daqueles amigos que ficam – um dia hás-de saber também das pessoas que não passam.... -, seja para abrir a janela que dá para esse mar, para por nós colher essa fruta, ou para escrever num pedaço de papel um qualquer poema que nos fará voar mais alto que nós próprios sonhámos ser capazes de fazer.

falo-te pouco da tua mãe – peço-te desculpa por isso – porque a não conheço tão bem. mas não duvides que a sorte que tens é mesmo muito, muito grande. mesmo não a conhecendo pelo sentir, como a esse AMIGO que é o teu pai, posso dizer-te uns segredos, que o não são, sobre ela:

a tua mãe, pequenino – sim, como o teu pai. e é tão bonito, o seu amor, também por isso... –, canta quando ouve a palavra liberdade, luta pela justiça como se não soubesse não o fazer, sorri lágrimas felizes quando se fala em abril. é menina, também. nenhum deles se deixou esquecer no caminho para a vida adulta.
já viste a sorte que tens?....

por isso, pequenino – porque, não sei porquê, sinto-te menino, sabendo que se fores menina o amor, a partilha, o sonho, serão iguais -, mais que dar os parabéns aos teus pais, é a ti que congratulo (que palavra difícil, esta... não precisas de a aprender já, está bem?...).
pelos pais
amigos
meninos
que já tens.
por tudo o que és

neles.



















vem.
podes vir quando for,
seguro de que te aguardam
de sorriso nos olhos,
ansiosos por te receber
e embrulhar
em amor -
maravilhados,
maravilhosos,
de vida
em flor.











....









(imagem: expecting my baby, de julio alejandro)

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

o agora e a vida. agora.

porque é 8 de fevereiro
sim
hoje.

abre os olhos
à volta de ti.
deixa o que.

é tempo de.















....






(imagem: rebirth, de kevin j. gross)

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

era quase inverno.
eu lembro-me.
acordaste
preparaste a vida do dia
e disseste
pensaste
não
isto não chega,
já chega de.

pediste licença à dor
à dúvida
e ao passado que

criaste um sorriso de mar
viste nascer a lua nova
e quando viste para além da chuva

soubeste

"é tempo de viver o amor
é tempo de viver o desejo
é tempo de viver a vida.
agora,
eu,
a minha vida."

falaste o amor
sentiste a força
sorriste de vida

e nós soubemos
soubemos
contigo.

soubemos que tinhas de ir.

porque o teu amor é puro
e verdadeiro
e tu.

porque a força que nele vive
a certeza que respira
esse sem-fim de acreditar.

agora vais ser feliz
ver a vida "abensonhada"
abrir a alma
e voar.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

é tão triste

sentir
que amigos
- que escolhemos
porque.
que mantínhamos
porque. -
falaram
falam
nas costas
de.

acima de tudo
dói
o olhar
que muda:
ou julga
ou ridiculariza
por preconceito
e
ou
ignorância
pura
e dura.


e depois
depois
admiram-se
do afastamento
de quem.

















......










["Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem "
(sophia)]













......





(imagem de: Noronha da Costa)