abro meu olhar e sou-me eu, aqui. sem o medo, a solidão - estátuas de água que desenho e habito...
estendo mãos, encontro abraços.
sorrio fora e é dentro que me marulha a vida.
em embalo de ternura e gente de olhos que me dançam mar. em força nudez coragem.
.
partilho meus marulhos com quem me é maré que enche. e vaza. e é vida de sentir.
em tudo a partilha da verdade.
os sorrisos.
as mãos.
os olhos.
as lágrimas de dor imensa que em mim tatuam uma outra vida. dentro. em certeza de sangue.
de ser.
sermos juntos.
em passo de pôr-do-sol e floresta. por lagos e por risos e por nós
e ser-nos tudo esse tanto de dar.
sem pressa.
tão devagar....
um só nada a medo.
até à praia nova desta gente que me encontra me encanta me descobre.
..
(e dizem dizem que é isso a vida...)
terça-feira, junho 03, 2008
" amor, vi morrer a flor. eu que trago água nos pulmões.
*
o vento ousa nos teus cabelos, esforço-me por segurar a última folha. "
(paulo josé miranda)
(haleh bryan, full moon)
..
deixei-te falar por entre o incenso da mágoa, cada minuto uma nuvem, cada palavra a cegar-nos o céu de olhar
- a vida presente a escolher ser livre, o toque do tempo o verdadeiro amar.
lá longe onde lutas a vida, o passado não te é raiz de pensar de pesar de não ser nunca mais pele o respirar.
...
e então falei-te devagar sem nada dizer.
ouvi cada bocadinho de céu, de olhos fechados e não, e disse-te
" há nuvens.
há nuvens mas não há-de chover. "
.
olhei cada palavra tua nos olhos com a paz inquieta que me trouxe o saber, saber, para além das noites que te sonham ainda, que nunca, nunca haverá um espaço um tempo um querer de nós.
a chuva deixou há muito de molhar-nos desejo ou lábios - não há já nem mesmo na chuva esperança ou verdade para um nosso amor.
e no entanto, no entanto, a dor-verdade, ainda, na alma da memória tua...
o coração que se encolhe a cada palavra, o respirar que me aperta contra minha vontade, contra a tua, contra a de toda essa gente que não esquece.
porque se não esquece afinal.
nem mesmo quando.
.
ouço-te assim (em) meu adeus.
parto eu "antes mesmo de partires".
parto nas tuas palavras sem que o saibas sem que o notes sem que me sintas partir.
pelo muito que há tanto deixaste de saber em mim.
..
e chove.
afinal chove...
como quem lava novos caminhos.
..
(" one two three four tell me that you love me more sleepless long nights that is who my youth was for
old teenage hopes are alive at your door left you with nothing but they want some more
oh, you're changing your heart oh, you know who you are
sweetheart bitterheart now i can tell you apart cosy and cold, put the horse before the cart
those teenage hopes who have tears in their eyes too scared to own up to one little lie
oh, you're changing your heart oh, you know who you are
one, two, three, four, five, six, nine or ten money can't buy you back the love that you had then
..
one, two, three, four, five, six, nine or ten money can't buy you back the love that you had then
oh, you're changing your heart oh, you know who you are oh, you're changing your heart oh, you know who you are oh, who you are
for the teenage boys they're breaking your heart for the teenage boys they're breaking your heart ")
vejo de cima a terra que amo tornar-se pequenina, mais e mais, até me caber na palma dos olhos, ser não mais que essa lembrança que me marca o ser(-me), força de gente e sentir, causa e recusa de inconstante chorar.
há caminhos desenhados lá em baixo. caminhos desejados que levam onde quis, soube querer, em sonho e vida, um qualquer outro (de) nós. que sonhamos, podemos, queremos. mesmo se, quando, às vezes também porque, esquecemos: somos sempre o que em nós próprios traçamos.
abril trouxe-me a força da vontade.
as papoilas de meu alentejo cantaram-me de côr a vida.
os amigos que família, família que amigos, marulharam-me o tudo que sou.
e eu sei eu sei que tudo é querer.
acordo-me dentro do sonho e desafio-me a escolher:
ganhar asas? voar para casa?
...
- ser humilde.
viver. "
...
" let me fall, let me climb, there's a moment when fear and dreams must collide
someone i am is waiting for courage, the one i want, the one i will become will catch me
so let me fall if i must fall, i won't heed your warnings, i won't hear them
all i ask, all i need, let me open whichever door i might open
let me fall, and if i fall all the feelings may or may not die
i will dance so freely, holding onto to no one, you can hold me only if you too will fall, away from all these useless fears and chains.
someone i am is waiting for my courage, the one i want, the one i will become will catch me
so let me fall if i must fall, i won't heed your warnings, i won't hear
let me fall, and if i fall - there's no reason to miss this one chance, this perfect moment -, just let me fall. "
..
(com um abraço forte de tanto à cláudia, amiga de tudo, que me amparou a queda de angústia nesta terra de saudade e me sempre lembra as asas as alturas a gana de meu voar em liberdade.)
..
(imagens, música e poema retirados do espectáculo quidam, pelo "cirque du soleil")
por esta janela que me abre (a)o escrever vejo e sinto os passáros que a meu lado voam. comigo. eu neles.
nessa outra, onde adormeço em estrelas e acordo na côr do dia, o canto de gaivotas trouxe-me já o mar em sorriso de acordar. o mar que provo também nos olhos quando mergulho em todas as memórias que solto neste espaço novo, algumas tão longe dos dias de hoje, fechadas nestes quadrados guardiões dessa vida a que regresso agora, só agora, um ano e meio depois, todo este tempo trancados para que a mim encontrasse, finalmente, eu, no que sou e sinto e vivo. sem nada mais. e tanto, afinal....
abro cada caixote como quem volta ao passado.
volto.
abro fundo esse tempo de antes e nele passeio sem rede ou volta marcada.
mas regresso sempre. regresso sempre a quem sou.
para além do que é não-saber.
vivo (n)a vida.
deixo que me viva.
sou e respiro o que voa (n)o tempo.
o que me trago eu nele.
(dreaming about wings, bogdan zwir)
..
" (...) não pensemos mais: esta é a casa:
tudo o que lhe falta será azul,
agora só precisa de florir.
e isso é trabalho da primavera. "
(pablo neruda)
(nesta casa nova de mim, é tão forte às vezes o vento nas janelas...
e é só só um segundo andar..
....
mas é bonito.
às vezes lembra-me a noite do mar.
como se perto da praia, quando fecho os olhos e respiro em mim seu marulhar.)
( " eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome - cores de almodovar, cores de frida kahlo, cores...
passeio pelo escuro - eu presto muita atenção no que meu irmão ouve; e como uma segunda pele, um calo, uma casca, uma cápsula protetora
- ah, eu quero chegar antes... pra sinalizar o estar de cada coisa, filtrar seus graus
eu ando pelo mundo divertindo gente, chorando ao telefone.. e vendo doer a fome dos meninos que têm fome
pela janela do quarto, pela janela do carro, pela tela, pela janela, quem é ela, quem é ela? - eu vejo tudo enquadrado, remoto controle....
eu ando pelo mundo e os automóveis correm para quê? as crianças correm para onde?
transito entre dois lados de um lado eu gosto de opostos... exponho o meu modo, me mostro
- eu canto para quem?
pela janela do quarto, pela janela do carro, pela tela, pela janela, quem é ela, quem é ela? - eu vejo tudo enquadrado, remoto controle....
eu ando pelo mundo e meus amigos.... cadê? minha alegria, meu cansaço?..
meu amor cadê você? eu acordei - não tem ninguém ao lado
pela janela do quarto, pela janela do carro, pela tela, pela janela, quem é ela, quem é ela? - eu vejo tudo enquadrado, remoto controle....
eu ando pelo mundo e meus amigos.... cadê? minha alegria, meu cansaço?..
meu amor cadê você? eu acordei - não tem ninguém ao lado
pela janela do quarto, pela janela do carro, pela tela, pela janela, quem é ela, quem é ela? - eu vejo tudo enquadrado, remoto controle.... " )
" i wonder if i've been changed in the night? let me think. was i the same when i got up this morning? i almost think i can remember feeling a little different. but if i'm not the same, the next question is 'who in the world am i?' ah, that's the great puzzle! "
(lewis carroll, alice's adventures in wonderland)
..
abrando o tempo.
o corpo obriga-me a olhar a alma.
olho quem sou
de olhos abertos.
não vou passar perder mais (o) tempo a esquecer o que esquecer nada trará.
por mais a dor de ir sem poder deixar caixa, água, redoma.
sorrio à vida.
ao que nela existe em verdade e justiça.
lembro o que quero.
o que amo.
e sigo em frente.
con_tudo.
devagar.
sem correr.
sem correr mais.
sem correr senão para sentir no corpo o vento que me sorri vida e mar.
sabendo tão só tão fundo o tudo que me é embalo de voar.
...
" 'everything's got a moral, if only you can find it'. and she squeezed herself up closer to alice's side as she spoke. "
(lewis carroll, alice's adventures in wonderland)
(imagem primeira: day will come, de haleh bryan imagem última de gundega dege)
a mim própria pus aqui, assim a mim deitei e agora não consigo retomada a força para voltar. para fazer frente ao risco imprevisivel e gritante da dor física, e voltar.
condenada pelo corpo, liberta pela mente, mantenho-me aqui, sem ousar mexer um sopro sequer.
dói(-me).
mesmo.
a parede que olho obrigada é vazia.
o medo, agora, também.
como o é, no fundo, esta dor que me passeia as costas.
por isso sorrio.
fecho os olhos e sorrio.
para que mais sorrisos a este se sigam. para que se mantenha. me mantenha. em verdade. por mais o que é físico e.
olho à volta, dentro: esta é a minha casa. a minha vida. que construo, eu. eu. agora.
o corpo aperta a saudade dói mas ainda assim, ainda assim, neste momento, a cada momento, sentir o que me é força dentro, o tudo que - lembram-me - construí, o tudo que sou, tenho, quero, faço, - o coração a bater diferente mas a bater, ainda assim, a respirar a medo, ainda, mas -, e dizer sentir dizer eu
eram imensos os dias de distância entre nós, as vidas que vivemos longe, o tudo que nos não foi partilha, as dores, os muros, as alegrias, as vitórias, as saudades do que fomos, o orgulho-às-vezes-vergonha do que somos, vamos sendo neste presente de dia acrescido.
este de hoje.
em que dou forma à partida de ti.
(when dream is gone, haleh bryan)
it ain't no use to sit and wonder why, babe
if you don't know by now
an' it ain't no use to sit and wonder why, babe
it'll never do somehow
when your rooster crows at the break of dawn
look out your window and i'll be gone
you're the reason i'm trav'lin' on
...
don't think twice, it's all right
it ain't no use in turnin' on your light, babe
that light i never knowed
an' it ain't no use in turnin' on your light, babe
i'm on the dark side of the road
i wish there was somethin' you would do or say
to try and make me change my mind and stay
we never did too much talkin' anyway
...
so don't think twice, it's all right
encaixoto a vida que aqui fui para a reabrir noutro lugar, outro espaço, meu, onde viverei de portas abertas, a deixar entrar o ar e os outros, a música que chega até ao silêncio dentro, que o faz cantar, me acorda de mansinho, me liberta, me devolve devagar (a)o poisar do sentir.
...
nesse outro lado de mim, agarro-me ainda ao que não tenho ou sei.
e não te deixo nunca morrer em meus sonhos.
..
morres-me só neste tudo esta vida este ser de cada instante.
morres-me
só
todos os dias.
...
it ain't no use in callin' out my name, boy
like you never done before
it ain't no use in callin' out my name, boy
i can't hear you any more
i'm a-thinkin' and a-wond'rin' walkin' down the road
i once loved a man, a child i'm told
i give him my heart but he wanted my soul
...
don't think twice, it's all right
so long,
honey babe
where i'm bound, i can't tell
goodbye's too good a word, babe
so i'll just say fare thee well
i ain't sayin' you treated me unkind
you could have done better but i don't mind
you just kinda wasted my precious time
...
but don't think twice, it's all right
.
(imagens adicionais de cig harvey, katia chausheva e noronha da costa poema: adaptação dedon't think twice, it's all right, de bob dylan)
olho para baixo e (re)vejo a escuridão crua da certeza do nada, rocha inebriada que ganhou medo ao mar...
e no entanto:
de mão dada, vou.
caio como quem voa, mergulhada de felicidade e equilíbrio, o corpo que deixa de ser meu ou nosso, deixamos esse peso e amamos como quem repousa da vida, às vezes de nós, tatuamos as mãos de areia em noites de lua e entrega - o sangue que pulsa, a água que nasce.
amamos na fúria do medo, na injusta certeza do amor, tão menos tudo que a vida...
e amamos em vôo.
amamos em vão.
porque poiso nenhum para este voar.
e tudo é sonho, afinal.
asas inteiras,
corpo,
e(m) queda.
sem o saber.
entregue só ao silêncio agudo do cair.
.
(silence, bogdan zwir)
- minha asa castrada...
foi quando que em terra escolheste ser água, barbatana e mar?
deixo que por mim passeie, me conheça fundo, me possua até onde chega só a escrita, às vezes... e o amor.
deixo que me encontre rios escondidos, que mos mostre, que avance por mim em toque de irreconhecível mestria.
peço-lhe que abra caminho, me deixe antever o que vem, para que possa aprender, abrir olhos no muro, saber-me sem toque no escuro, ela a dizer-me que sim, que vá, que faça, que seja...
que vá.
(transformation, bogdan zwir)
o homem que diz "dou" não dá porque quem dá mesmo não diz
o homem que diz "vou" não vai porque quando foi já não quis
o homem que diz "sou" não é porque quem é mesmo é "não sou"
o homem que diz "tô" não tá porque ninguém tá quando quer
coitado do homem que cai no canto de ossanha, traidor
coitado do homem que vai atrás de mandinga de amor
vai, vai, vai - não vou
vai, vai, vai - não vou
vai, vai - não vou
vai, vai - não vou
que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer a tristeza de um amor que passou
não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer na manhã de um novo amor........................... ............. ...... ............ ..amigo senhor, saravá, xangô me mandou lhe dizer
se é canto de ossanha, não vá que muito vai se arrepender
pergunte pro seu orixá, o amor só é bom se doer
pergunte pro seu orixá o amor só é bom se doer
vai, vai, vai amar
vai, vai sofrer
vai, vai, vai chorar
vai, vai dizer
que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer a tristeza de um amor que passou
não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer na manhã de um novo amor
(de canto de ossanha, vinicius de moraes)
persegue-me até à exaustão, a que quero ser - são altas as horas da noite, como ondas de vivas marés, quando de mim se apodera em promessas de um futuro qualquer, que é preciso, é preciso, agora, é preciso fazer, é preciso mudar, fazer pelo mundo que acolhe, oferecer em vida, fazer, fazer, é preciso fazer, furando a dor, usando a dor, que assuste, que seja tanto possível, mergulhar mais fundo, saber quem cá dentro, cá onde se é o que faz ser vida, mesmo se as vozes nada perseguem, se não calam o silêncio, se os conselhos nenhuns falam a sós por entre as paredes, se enrolam, ateiam, confundem, se este sentir em mim de mim me enleia, se me povoa portas e arcadas, me é peso de asa que reabre, reacende, repara, eu centro, centro de mim, espiral que ascende sem controlo ou destino em vôo de ser, de formas inexistentes, sítios que não sei, gente que nunca vi(vi), supera-me este sentir, sacode-me de meus próprios ombros, sacode-me o peso, a vida, caminha, caminha, caminha comigo, é preciso fazer, aqui, agora, mesmo se te ouves dentro, se te ouço eu, daqui, sem saberes que fazer, quando chega o depois que é futuro, que caminho, que começo, que partida, que partida, que partida do casulo que te dobra as costas, esse conforto em que te moldas como quem nada mais sabe, que partida do que te não basta, que janela para que mar, que partida da não-vida em ti.
sem amigo companhia ou criança que comigo percorra a solidão que hoje me fere sem cuidado ou respeito, invento um esquimó de terra distante e desconhecida, como se essa em que vivo esta agora tristeza, para que me ouça, me cale, me chore.
falo-lhe do acordar vazio, do não abrir dos olhos para tentar ainda calar o frio dentro, do procurar depois em todos os lugares um qualquer sinal de acalento, como se não soubesse tão bem como é negro, pintado à mão, devagar, o abandono de quem. em tudo.
conto-lhe dos dias passados escondida em quarto de mim, sem que o saiba ninguém. das portas trancadas nesta casa que não habito sozinha, mas que não é vida comigo, esta casa onde me fecham caras todo o dia, onde não há música ou partilha, conforto ou um só sorriso que ajude ao passar (d)o medo.
tiredness fuels empty thoughts
i find myself... disposed
brightness fills empty space
in search of... inspiration
harder now with higher speed
washing in on top of me
so i look to my eskimo friend
i look to my eskimo friend
i look to my eskimo friend
when i'm down
down
down
rain it wets muddy roads
i find myself... exposed
tapping does but irritate
in search of... destination
harder now with higher speed
washing in on top of me
so i look to my eskimo friend
i look to my eskimo friend
i look to my eskimo friend
when i'm
d
o
w
n
.
.
.
.
digo-lhe, confesso-lhe, que não há tristeza maior que a solidão, por maiores tantas outras dores... não há sentir que me cale como este. que me enmure. me inunde o dia de quietude e sal. eu que tento saber do que é, do que existe, do que somos sem razão de sentir. assim de triste, não há.
explico-lhe a ele, meu amigo inventado, o tanto tudo que queria um qualquer acalento, um olhar fundo ao que sou, qualquer coisa mais que estas paredes que me não falam, este silêncio que me não ouve, a gente perto que não tenho, não me existe, este longe que não sei preencher só.
vejo as lágrimas que recuso chorar descerem por seu rosto moreno, até sentir nos lábios o gosto de minha própria tristeza, eu escondida na vergonha de me saber assim, sem força, quase sem vida, eu que sei que é vida tanto, que o amor está em tudo o que vêem os olhos, que a paz são os passos que damos em nós, um de cada vez...
mas hoje hoje acordei demasiado pesada de nada para mo fazer saber.
porque não-outros. ninguém. voz nenhuma ao apertar de uma mão, a lembrar-me que(m) sou.
e eu não sei viver sem gente perto.
e por isso me lembra, ele mo lembra, da força da água, da força de mim, dos abraços de longe, os abraços dentro de quem nos é sempre - porque há, há mesmo quem seja sempre... -, os sorrisos de minha gente, os cheiros de meu país, tudo o que aqui me não é fora, hoje mais ainda, mas é tanto, tanto dentro.
e eu sei, sei de tudo... sei das vozes dentro, do calor, da luz, das mãos, dos sorrisos... sei do mar. sei de tudo.
when i'm down
down
down
when i'm down
down
down
when i'm down
down
down
e sei-me meu próprio esquimó.
(imagens: eskimo child, de edward s. curtis. fatality e roads which aspire to light, de bogdan zwir)
the slogans, the labels, illusions and indifference,
the cradles that surround us. "
(zbigniew preisner)
(barbican, 2.xii.2007)
ele recolheu-se em si, no começo de tudo.
baixou a cabeça, em si e com o que,
e mergulhou fundo.
ela brilhava, já, discreta, distinta, altiva - senhora de sentir.
batia-me forte o presente, como se quisesse existir de repente em tudo o que sou sei ser e querer viver fora
como se dentro.
à minha volta - de tão perto, eu -, a orquestra.....
enleio.
enlaço.
abraço.
partilha.
depois, depois da espera discreta ansiosa viva pelo tempo de preisner, a voz.....
a voz de teresa a arrebatar-nos de nós.
do que é ser-se só em sentir.para sentir.
" understand the season,
understand your mind.
let yourself feel contact,
closeness that we find
mute as if enchanted.
days pass by in streams
leaving nought behind but
silence, night and dreams. "
(da bíblia sagrada, in "silence, night & dreams")
...
quando se recolhe ao silêncio teresa é parte da música.
funde-se nela.
e todos
todos
somos marionetas de sentir
nas mãos dançantes de preisner.
...
do silêncio nasce a harpa.
e a noite ali não é já (d)o tempo.
real como os sonhos, a flauta que me há-de ser sempre preisner, sempre a fundura do ser.
..
e de novo teresa. em voz-onda, marulhar de todos os sentires.
...
olho-a fundo. sou lágrima (d)e orgulho por ela, neste meu longe que a vejo partilhar. por tudo o que, ela.
.
um coro se junta a nós - vozes imensas de força que se juntam à flauta de preisner, ao piano de preisner, aos violinos, a todo e cada um de seus toques de sentir.
e minhas asas livres, desenlaçadas, assim...
como se fácil, sempre.
eu que agora vôo também.
e choro, dentro.
tremendo-me corpo e sentir neste embalo de força viva.
..
a música termina.
no ar, o eco silencioso do sentir exacerbado, indomável, em verdade, presença e vida.
preisner vira-se muito e ainda mais lentamente para o público.
olha-nos.
sente-nos.
e recebe verdadeiro e humilde - como e com teresa - a nossa gratidão.
....
("peterborough, 03.xii.07
sinto muito.
sinto tudo.
a música de preisner abre-me os sentires à vida a voz de teresa traz-me essa vida em mar...
e é dentro de mim que viajo.
por sua mão.
em paz.
(no) silêncio
(em) noite
(d)e sonhos." )
" 5, 13-14
you are salt to the world
you are light for all the world
don't be afraid
7, 7
ask, and you will receive
seek, and you will find
knock, and the door will be opened
don't be afraid
7, 13
enter by the narrow gate
the gate is wide
that leads to perdition
aqueço-me para além do passado que corta ainda cego em si mesmo
liberto-me de mim própria meus próprios fantasmas em vida parada
mesmo se me firo arranho queimo engano
..
tento levantar me de mim
e faço sinto canto minhas novamente as suas palavras
..
" lift me up on my honour take me over this spell get this weight off my shoulders - i’ve carried it well
loose these shackles of pressure shake me out of these chains lead me not to temptation
hold my hand harder ease my mind roll down the smoke screen and open the sky
* let me fly *
- man, i need a release from this troublesome mind fix my feet when they’re stumbling and where you know it hurts sometimes you know it’s gonna bleed sometimes
(haleh bryan, can't wait forever)
dig me out from this thorn tree help me bury my shame keep my eyes from the fire they can’t handle the flame
grace cut out from my brothers when most of them fell i carried it well
* let me fly *
man, i need a release from this troublesome mind fix my feet when they’re stumbling i guess you know it hurts sometimes you know it’s gonna bleed sometimes
now hold on - i’m not looking for sweet talk i’m looking for time time for tower and sleep walk brother, cause it hurts sometimes you know it’s gonna bleed sometimes hold on
you know its gonna hurt sometimes...
when you call me...
hold on...
hold on...
hold on...
i’m gonna climb that symphony home and make it mine
let his resonance light my way
see, all these pessimistic sufferers tend to drag me down
so i could use it to shelter what good i’ve found "
....
(haley bryan, towards the light)
..
(primeira imagem: haleh bryan. imagens no slideshow: auguria, bjorn tagemose, cole rise, f.n.terryan, floriana barbu, yatsutani taizo, banksy, zack garner, lovisa ringborg e michael vesen música: the killers, sweet talk, do novo album sawdust)
na calma de quem não possui, engolimos a noite e o mundo e sob a manhã acordámos o toque do que se não sabe em nós.
olhou-me perto, viu-me em presença e deu-me os olhos a sorrir.
descobriu-me dentro descobriu-me em vida e sem mais nada por mim se aventurou na solidão da não-paz em que me escondia ainda o fantasma egoista de um falsificado, abandonado, amordaçado amor.
que sei
agora
que não.
...
o meu corpo hoje voltou a meus braços.
(between us, de haleh bryan)
...
( " you'll be given love you'll be taken care of you'll be given love you have to trust it
maybe not from the sources you have poured yours maybe not from the directions you are staring at
trust your head around it's all around you all is full of love all around you
all is full of love you just aint receiving all is full of love your phone is off the hook all is full of love your doors are all shut all is full of love
all is full of love all is full of love all is full of love all is full of love all is full of love " )
há vozes que me chamam e falam mais que a minha língua...
vêm de todos os lados e são como vidas que me trazem a vida, me lembram a doçura da humanidade fugaz, me fazem acreditar que é sempre possível ser-se melhor...
(assim sorrimos de tudo frente a um arco-íris chovido que invade a cidade cinzenta, uma lua cheia que respira todo um campo de folhas sonhadas, caídas em côr, um sol que nu e vermelho mergulha em água e sal de mar...
assim nós. como quem olha a vida nos olhos e vê para além dela.
..
para além do que.)
aceitar quem dói, aceitar a ausência, aceitar escolhas e escolher escolher sorrir sobre tudo.
..
sobretudo sorrir.
ser verdadeira ao olhar que procura, deixar que entre nos olhos, por pouco que seja, que entre, se sente à beira, como se. deixar-se invadir pelas palavras que tocam, levam o pensar sem que se pense, fazem voar de intimidade a desconhecida distância. hesitar, ainda, na entrega da verdade, em verdade, a entrega antes da paz, dentro, porque não-paz esta serenidade que o não é, porque não-completa, inteira, ainda... mas deixar, deixar que os olhos. beber das palavras, saborear-lhes o toque, em segredo. deixar que confortem e possam ser a vida que se faz.
acordar a cada dia e sorrir, sorrir só, sorrir com, em alegria de vida.
pela vida.
na vida.
e assim ser cada segundo.
...
isto assim, neste preto e branco de côr, vejo eu, faço por, quando olho em frente.
comigo, em mim, na travessia do presente.
com tudo o que (não) ficou para trás.
..
ainda se sente.
...
assim eu, no mundo, em sal de saudade, vida e verdade.
assim eu, em mim, em teimoso renascer - como quem refaz e relembra a cada noite o amanhecer.
(imagem de bogdan zwir)
" os desejos mais puros e ardentes do coração são sempre realizados. "
(mohandas k. ghandi, in "a minha vida e as minhas experiências com a verdade")
sim, tens razão: eu sabia. ou talvez esperasse saber, tivesse a esperança de. e secretamente o sentisse, já. em ti. como tu em mim, logo, desde a primeira palavra de imagem.
também eu amei inteira e toda me dei, em tudo, e tanto mais do que pensei e quis ser capaz. também eu amei com o futuro e o passado presentes em mim, amei de olhos abertos, até mos cegar quem mos roubou ao deixar de olhar-me.
por isso, sim, os nossos amores foram, são ainda, por mais que, iguais de vida, personagens, desilusão. tão iguais....
igual agora este vazio de vivermos perdidas em nós, quebradas e gastas pelo ardor do sal, neste labirinto de pele e saudade onde já não sabemos sentir o caminho de volta ao que somos, fomos quando, antes de. - é como que se vive feliz sem essa vida inteiramente repartida, amada em sangue, água e entrega?....
e este saber que não há nada que possamos fazer para trazê-la de volta. e o não-saber já se, anyway...
e não haver nada que cale ou alivie a crueldade de terem violado os sítios do nosso amor - como foi que puderam, esses locais de tudo que acreditámos serem nossos, para sempre, mesmo se, mesmo agora?... -, onde nos entregámos e fomos tanto mais do que simples mortais, nós, vivas de amor e futuro. nada que pare a faca de mágoa de os vermos constantemente aprisionados em imagens de outras mãos, outro alívio, em força e sentires que não nascem já das memórias do nosso amor, que é destronado sem mais nada, sem que se pare um pouco sequer, um momento só de respeito à lembrança do que ali vivemos e entregámos, como se nada, ninguém mais no mundo senão nós.
...
mas um dia - eu to prometo para além destas lágrimas que me choram as veias do corpo por si mesmo abandonado - será também nossa a paz maior de viver sem o seu amor. para sempre. como quem, agora, sem nós.
prometo.
por mais dor o negro das azeitonas e o vermelho das papoilas que aos pares.
eu to prometo. nos.
until then,
my friend of hidden face and feelings,
let us breathe.
( " help, i have done it again i have been here many times before hurt myself again today and the worst part is there's no-one else to blame
be my friend hold me, wrap me up unfold me i am small and needy warm me up and breathe me
ouch, i have lost myself again lost myself and i am nowhere else to be found, yeah, i think that i might break lost myself again and i feel unsafe
be my friend hold me, wrap me up unfold me i am small and needy warm me up and breathe me
be my friend hold me, wrap me up unfold me i am small and needy warm me up and breathe me " )