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sábado, dezembro 13, 2008

round here









encontro amigos.

reencontro-me
neles.

no que somos
nós.


abro meu olhar
e sou-me eu,
aqui.
sem o medo,
a solidão
- estátuas de água que desenho e habito...


estendo mãos,
encontro abraços.


sorrio fora
e é dentro que me marulha a vida.


em embalo de ternura
e gente de olhos que me dançam mar.
em força
nudez
coragem.




.






partilho meus marulhos com quem me é maré que enche.
e vaza.
e é vida
de sentir.











em tudo a partilha da verdade.

os sorrisos.

as mãos.

os olhos.

as lágrimas de dor imensa que em mim tatuam uma outra vida.
dentro.
em certeza de sangue.

de ser.


sermos
juntos.

em passo de pôr-do-sol
e floresta.
por lagos
e por risos
e por nós

e ser-nos tudo
esse tanto
de dar.


sem pressa.


tão devagar....


um só
nada
a medo.





até à praia nova
desta gente
que me encontra
me encanta
me descobre.
















..


















(e dizem
dizem
que é isso a vida...)






terça-feira, junho 03, 2008



" amor, vi morrer a flor.
eu que trago água nos pulmões.

*

o vento ousa nos teus cabelos,
esforço-me por segurar a última folha. "

(paulo josé miranda)


































(haleh bryan, full moon)









..






deixei-te falar por entre o incenso da mágoa,
cada minuto uma nuvem,
cada palavra a cegar-nos o céu de olhar

- a vida presente a escolher ser livre,
o toque do tempo o verdadeiro amar.




lá longe onde lutas a vida,
o passado não te é raiz de pensar
de pesar
de não ser nunca mais pele o respirar.




...





e então falei-te
devagar
sem nada dizer.


ouvi cada bocadinho de céu,
de olhos fechados e não,
e disse-te


" há nuvens.


há nuvens
mas não há-de chover. "


.



olhei cada palavra tua nos olhos
com a paz inquieta que me trouxe o saber, saber,
para além das noites que te sonham ainda,
que nunca, nunca haverá um espaço
um tempo
um querer
de nós.


a chuva deixou há muito de molhar-nos desejo ou lábios
- não há já
nem mesmo na chuva
esperança ou verdade
para um nosso amor.

e no entanto,
no entanto,
a dor-verdade, ainda, na alma da memória tua...

o coração que se encolhe a cada palavra,
o respirar que me aperta contra minha vontade,
contra a tua,
contra a de toda essa gente
que não esquece.

porque se não esquece
afinal.

nem mesmo quando.


.




ouço-te
assim
(em) meu adeus.


parto
eu
"antes mesmo
de partires".


parto nas tuas palavras
sem que o saibas
sem que o notes
sem que me sintas partir.


pelo muito
que há tanto
deixaste de saber em mim.





..











e chove.


afinal chove...


como quem lava novos caminhos.



































..




(" one two three four
tell me that you love me more
sleepless long nights
that is who my youth was for

old teenage hopes are alive at your door
left you with nothing but they want some more

oh, you're changing your heart
oh, you know who you are

sweetheart bitterheart now i can tell you apart
cosy and cold, put the horse before the cart

those teenage hopes who have tears in their eyes
too scared to own up to one little lie

oh, you're changing your heart
oh, you know who you are

one, two, three, four, five, six, nine or ten
money can't buy you back the love that you had
then


..


one, two, three, four, five, six, nine or ten
money can't buy you back the love that you had
then

oh, you're changing your heart
oh, you know who you are
oh, you're changing your heart
oh, you know who you are
oh, who you are

for the teenage boys
they're breaking your heart
for the teenage boys
they're breaking your heart ")


segunda-feira, abril 28, 2008

regresso







" avião lisboa-londres, 27.abril.08



parto de novo.



vejo de cima a terra que amo tornar-se pequenina, mais e mais, até me caber na palma dos olhos, ser não mais que essa lembrança que me marca o ser(-me), força de gente e sentir, causa e recusa de inconstante chorar.



há caminhos desenhados lá em baixo. caminhos desejados que levam onde quis, soube querer, em sonho e vida, um qualquer outro (de) nós.
que sonhamos, podemos, queremos.
mesmo se, quando, às vezes também porque, esquecemos:
somos sempre o que em nós próprios traçamos.





abril trouxe-me a força da vontade.


as papoilas de meu alentejo cantaram-me de côr a vida.


os amigos que família, família que amigos, marulharam-me o tudo que sou.



e eu sei
eu sei
que tudo é querer.



acordo-me dentro do sonho
e desafio-me a escolher:


ganhar asas?
voar para casa?




...





- ser humilde.



viver. "


















...







" let me fall,
let me climb,
there's a moment when fear and dreams must collide

someone i am is waiting for courage,
the one i want,
the one i will become will catch me

so let me fall
if i must fall,
i won't heed your warnings,
i won't hear them

all i ask,
all i need,
let me open whichever door i might open

let me fall,
and if i fall
all the feelings may or may not die

i will dance so freely,
holding onto to no one,
you can hold me only if you too will fall,
away from all
these useless fears and chains.

someone i am is waiting for my courage,
the one i want,
the one i will become will catch me

so let me fall
if i must fall,
i won't heed your warnings,
i won't hear

let me fall,
and if i fall
- there's no reason to miss this one chance,
this perfect moment -,
just let me fall. "








..






(com um abraço
forte
de tanto
à cláudia,
amiga de tudo,
que me amparou a queda de angústia
nesta terra de saudade
e me sempre lembra as asas
as alturas
a gana
de meu voar em liberdade.)
















..








(imagens, música e poema retirados do espectáculo quidam, pelo "cirque du soleil")

sábado, abril 19, 2008

(em) mudança



por esta janela que me abre (a)o escrever
vejo e sinto os passáros que a meu lado voam.
comigo.
eu neles.



nessa outra, onde adormeço em estrelas e acordo na côr do dia, o canto de gaivotas trouxe-me já o mar em sorriso de acordar. o mar que provo também nos olhos quando mergulho em todas as memórias que solto neste espaço novo, algumas tão longe dos dias de hoje, fechadas nestes quadrados guardiões dessa vida a que regresso agora, só agora, um ano e meio depois, todo este tempo trancados para que a mim encontrasse, finalmente, eu, no que sou e sinto e vivo.
sem nada mais.
e tanto, afinal....



abro cada caixote como quem volta ao passado.


volto.



abro fundo esse tempo de antes
e nele passeio
sem rede ou volta marcada.









mas regresso sempre.
regresso sempre a quem sou.

para além do que é não-saber.




















vivo (n)a vida.





deixo que me viva.









sou e respiro o que voa (n)o tempo.



o que me trago
eu
nele.







(dreaming about wings, bogdan zwir)










..







" (...) não pensemos mais: esta é a casa:

tudo o que lhe falta será azul,

agora só precisa de florir.

e isso é trabalho da primavera. "


(pablo neruda)















(nesta casa nova de mim,
é tão forte às vezes o vento nas janelas...

e é só

um segundo andar..



....



mas é bonito.

às vezes lembra-me a noite do mar.




como se perto da praia,
quando fecho os olhos
e respiro em mim seu marulhar.)











( " eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome
- cores de almodovar, cores de frida kahlo,
cores...

passeio pelo escuro
- eu presto muita atenção no que meu irmão ouve;
e como uma segunda pele, um calo, uma casca, uma cápsula protetora

- ah, eu quero chegar antes...
pra sinalizar o estar de cada coisa,
filtrar seus graus

eu ando pelo mundo divertindo gente,
chorando ao telefone..
e vendo doer a fome dos meninos que têm fome


pela janela do quarto, pela janela do carro,
pela tela, pela janela,
quem é ela, quem é ela?
- eu vejo tudo enquadrado,
remoto controle....


eu ando pelo mundo
e os automóveis correm para quê?
as crianças correm para onde?

transito entre dois lados
de um lado
eu gosto de opostos...
exponho o meu modo,
me mostro


- eu canto para quem?





pela janela do quarto, pela janela do carro,
pela tela, pela janela,
quem é ela, quem é ela?
- eu vejo tudo enquadrado,
remoto controle....


eu ando pelo mundo
e meus amigos....
cadê?
minha alegria, meu cansaço?..

meu amor cadê você?
eu acordei
- não tem ninguém
ao lado


pela janela do quarto, pela janela do carro,
pela tela, pela janela,
quem é ela, quem é ela?
- eu vejo tudo enquadrado,
remoto controle....


eu ando pelo mundo
e meus amigos....
cadê?
minha alegria, meu cansaço?..

meu amor cadê você?
eu acordei
- não tem ninguém
ao lado


pela janela do quarto, pela janela do carro,
pela tela, pela janela,
quem é ela, quem é ela?
- eu vejo tudo enquadrado,
remoto controle.... " )




















desenquadro.


desprendo.


desenlaço.












me.























.












agora


agora

volto


ao abraço do sorriso

à magia da infância

ao viver (d)o mar









regresso(-me) à terra de mim

para beber o abril

que me é côr de voar

















(imagem de autor desconhecido. sadly.)

sábado, abril 05, 2008

(em) descoberta








" i wonder if i've been changed in the night?
let me think. was i the same when i got up this morning?
i almost think i can remember feeling a little different.
but if i'm not the same, the next question is
'who in the world am i?'
ah, that's the great puzzle!
"

(lewis carroll, alice's adventures in wonderland)


















..






abrando o tempo.

o corpo obriga-me a olhar a alma.






olho quem sou

de olhos abertos.





não vou passar
perder
mais
(o) tempo
a esquecer
o que esquecer
nada trará.


por mais a dor de ir
sem poder deixar caixa,
água,
redoma.







sorrio à vida.


ao que nela existe
em verdade
e justiça.




lembro o que quero.

o que amo.



e sigo em frente.



con_tudo.


devagar.


sem correr.


sem correr mais.



sem correr senão para sentir no corpo
o vento que me sorri vida e mar.



sabendo
tão só
tão fundo
o tudo que me é embalo de voar.









































...












" 'everything's got a moral, if only you can find it'.
and she squeezed herself up closer to alice's side as she spoke. "


(lewis carroll, alice's adventures in wonderland)





(imagem primeira: day will come, de haleh bryan
imagem última de gundega dege)

sexta-feira, março 28, 2008

da imobilidade: "on hold"

(in physical pain)




não me mexo.


a mim própria pus aqui, assim a mim deitei
e agora não consigo retomada a força para voltar.
para fazer frente ao risco imprevisivel e gritante da dor física,
e voltar.


condenada pelo corpo, liberta pela mente, mantenho-me aqui, sem ousar mexer um sopro sequer.


dói(-me).


mesmo.




a parede que olho obrigada é vazia.

o medo, agora, também.

como o é, no fundo, esta dor que me passeia as costas.


por isso sorrio.


fecho os olhos e sorrio.

para que mais sorrisos a este se sigam.
para que se mantenha.
me mantenha.
em verdade.
por mais o que é físico e.


olho à volta, dentro:
esta é a minha casa.
a minha vida.
que construo, eu.
eu.
agora.


o corpo aperta
a saudade dói
mas ainda assim,
ainda assim,
neste momento,
a cada momento,
sentir o que me é força dentro,
o tudo que - lembram-me - construí,
o tudo que sou, tenho, quero, faço,
- o coração a bater diferente mas a bater, ainda assim, a respirar a medo, ainda, mas -,
e dizer
sentir
dizer
eu


- neste momento

este de agora

agora

em que estou,


aceito

e quero



estar

ser

aqui

assim

imobilizada

quieta

presa em mim

livre em mim

a aprender

a viver(-me).

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

partida(s)
































demorei-o no abraço de então.

eram imensos os dias de distância entre nós, as vidas que vivemos longe, o tudo que nos não foi partilha, as dores, os muros, as alegrias, as vitórias, as saudades do que fomos, o orgulho-às-vezes-vergonha do que somos, vamos sendo neste presente de dia acrescido.

este de hoje.

em que dou forma à partida de ti.

















(when dream is gone, haleh bryan)










it ain't no use to sit and wonder why, babe

if you don't know by now



an' it ain't no use to sit and wonder why, babe

it'll never do somehow






when your rooster crows at the break of dawn

look out your window and i'll be gone



you're the reason i'm trav'lin' on











...











don't think twice, it's all right
































it ain't no use in turnin' on your light, babe

that light i never knowed



an' it ain't no use in turnin' on your light, babe

i'm on the dark side of the road






i wish there was somethin' you would do or say

to try and make me change my mind and stay



we never did too much talkin' anyway











...











so don't think twice, it's all right
















encaixoto a vida que aqui fui para a reabrir noutro lugar, outro espaço, meu, onde viverei de portas abertas, a deixar entrar o ar e os outros, a música que chega até ao silêncio dentro, que o faz cantar, me acorda de mansinho, me liberta, me devolve devagar (a)o poisar do sentir.

































...







nesse outro lado de mim, agarro-me ainda ao que não tenho ou sei.





e não te deixo
nunca
morrer em meus sonhos.







..







morres-me só neste tudo
esta vida
este ser
de cada instante.































morres-me







todos os dias.
























...









it ain't no use in callin' out my name, boy

like you never done before



it ain't no use in callin' out my name, boy

i can't hear you any more






i'm a-thinkin' and a-wond'rin' walkin' down the road

i once loved a man, a child i'm told



i give him my heart but he wanted my soul











...











don't think twice, it's all right




































so long,


honey babe


















where i'm bound, i can't tell


















goodbye's too good a word, babe


















so i'll just say fare thee well


















i ain't sayin' you treated me unkind

you could have done better but i don't mind



you just kinda wasted my precious time











...











but don't think twice, it's all right

















.












(imagens adicionais de cig harvey, katia chausheva e noronha da costa
poema: adaptação de
don't think twice, it's all right, de bob dylan)

terça-feira, fevereiro 26, 2008

tempo de.

























(faded memories, haleh bryan)






" é preciso arranjar outros
motivos
outras flores e astros

outras abertas

entre a chuva cansada de um outono
que não sabe já
qual é a terra certa

é preciso pensar outras imagens
outras fissuras, sítios
e cidades

pôr fim ao lamento deste vento
tentar tirar ao anjo
a túnica e o sabre

é preciso inventar outras paisagens
outros montes e águas
outras margens

abrir e expôr o coração
e finalmente deixar
correr as lágrimas "


(maria teresa horta)








fecho as lágrimas nas palavras
para que mais não chovam
sobre o dia de hoje.


porque o sorrir
(que)
aos outros.


a recusa em viver
(cega)
na dor.







..













fecho as lágrimas...














e invento.





























(ben arieh)














...









(-me.)

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

"afin de ne pas vous blesser"













































é como cair sabendo que se cai sem fundo...



olho para baixo e (re)vejo a escuridão crua da certeza do nada,
rocha inebriada que ganhou medo ao mar...





e no entanto:


de mão dada, vou.



caio como quem voa, mergulhada de felicidade e equilíbrio, o corpo que deixa de ser meu ou nosso, deixamos esse peso e amamos como quem repousa da vida, às vezes de nós,
tatuamos as mãos de areia em noites de lua e entrega
- o sangue que pulsa,
a água que nasce.



amamos na fúria do medo,
na injusta certeza do amor,
tão menos tudo que a vida...



e amamos em vôo.


amamos em vão.


porque poiso nenhum para este voar.

e tudo é sonho, afinal.










asas inteiras,










corpo,










e(m) queda.
























sem o saber.



















entregue

ao silêncio
agudo
do cair.
















.















(silence, bogdan zwir)
























- minha asa castrada...


foi quando que em terra escolheste
ser água, barbatana e mar?


















































(reunited with her thoughts, haleh bryan)
















...











(imagem primeira, portrait, de haleh bryan)

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

re.vira.volta.




há aqui uma vida inquieta...
em mim.

deixo que por mim passeie, me conheça fundo, me possua até onde chega só a escrita, às vezes...
e o amor.

deixo que me encontre rios escondidos, que mos mostre, que avance por mim em toque de irreconhecível mestria.

peço-lhe que abra caminho, me deixe antever o que vem, para que possa aprender, abrir olhos no muro, saber-me sem toque no escuro, ela a dizer-me que sim, que vá, que faça, que seja...

que vá.



(transformation, bogdan zwir)




o homem que diz "dou" não dá
porque quem dá mesmo não diz

o homem que diz "vou" não vai
porque quando foi já não quis


o homem que diz "sou" não é
porque quem é mesmo é "não sou"

o homem que diz "tô" não tá
porque ninguém tá quando quer


coitado do homem que cai
no canto de ossanha, traidor

coitado do homem que vai
atrás de mandinga de amor


vai, vai, vai
- não vou

vai, vai, vai
- não vou


vai, vai
- não vou

vai, vai
- não vou

que eu não sou ninguém de ir
em conversa de esquecer
a tristeza de um amor que passou

não, eu só vou se for pra ver
uma estrela aparecer
na manhã de um novo amor...........................
.............
......
............
..amigo senhor, saravá,
xangô me mandou lhe dizer

se é canto de ossanha, não vá
que muito vai se arrepender


pergunte pro seu orixá,
o amor só é bom se doer

pergunte pro seu orixá
o amor só é bom se doer


vai, vai, vai
amar

vai, vai
sofrer


vai, vai, vai
chorar

vai, vai
dizer

que eu não sou ninguém de ir
em conversa de esquecer
a tristeza de um amor que passou

não, eu só vou se for pra ver
uma estrela aparecer
na manhã de um novo amor




(de canto de ossanha, vinicius de moraes)





persegue-me até à exaustão, a que quero ser - são altas as horas da noite, como ondas de vivas marés, quando de mim se apodera em promessas de um futuro qualquer, que é preciso, é preciso, agora, é preciso fazer, é preciso mudar, fazer pelo mundo que acolhe, oferecer em vida, fazer, fazer, é preciso fazer, furando a dor, usando a dor, que assuste, que seja tanto possível, mergulhar mais fundo, saber quem cá dentro, cá onde se é o que faz ser vida, mesmo se as vozes nada perseguem, se não calam o silêncio, se os conselhos nenhuns falam a sós por entre as paredes, se enrolam, ateiam, confundem, se este sentir em mim de mim me enleia, se me povoa portas e arcadas, me é peso de asa que reabre, reacende, repara, eu centro, centro de mim, espiral que ascende sem controlo ou destino em vôo de ser, de formas inexistentes, sítios que não sei, gente que nunca vi(vi), supera-me este sentir, sacode-me de meus próprios ombros, sacode-me o peso, a vida, caminha, caminha, caminha comigo, é preciso fazer, aqui, agora, mesmo se te ouves dentro, se te ouço eu, daqui, sem saberes que fazer, quando chega o depois que é futuro, que caminho, que começo, que partida, que partida, que partida do casulo que te dobra as costas, esse conforto em que te moldas como quem nada mais sabe, que partida do que te não basta, que janela para que mar, que partida da não-vida em ti.











(calmness in aggression, bogdan zwir)









....















ir




do que não sou.

























ser-me




em mim.

domingo, fevereiro 03, 2008

a sós














sem amigo companhia ou criança que comigo percorra a solidão que hoje me fere sem cuidado ou respeito, invento um esquimó de terra distante e desconhecida, como se essa em que vivo esta agora tristeza, para que me ouça, me cale, me chore.


falo-lhe do acordar vazio, do não abrir dos olhos para tentar ainda calar o frio dentro, do procurar depois em todos os lugares um qualquer sinal de acalento, como se não soubesse tão bem como é negro, pintado à mão, devagar, o abandono de quem. em tudo.


conto-lhe dos dias passados escondida em quarto de mim, sem que o saiba ninguém.
das portas trancadas nesta casa que não habito sozinha, mas que não é vida comigo, esta casa onde me fecham caras todo o dia, onde não há música ou partilha, conforto ou um só sorriso que ajude ao passar (d)o medo.



tiredness fuels empty thoughts

i find myself...
disposed


brightness fills empty space

in search of...
inspiration



harder now with higher speed

washing in
on top of me



so i look to my eskimo friend


i look to my eskimo friend


i look to my eskimo friend



when i'm down


down


down



rain it wets muddy roads

i find myself...
exposed


tapping does but irritate

in search of...
destination



harder now with higher speed

washing in
on top of me



so i look to my eskimo friend


i look to my eskimo friend


i look to my eskimo friend




when i'm





d








o












w



















n












.







.








.










.
































digo-lhe, confesso-lhe, que não há tristeza maior que a solidão, por maiores tantas outras dores... não há sentir que me cale como este. que me enmure. me inunde o dia de quietude e sal. eu que tento saber do que é, do que existe, do que somos sem razão de sentir.
assim de triste, não há.


explico-lhe a ele, meu amigo inventado, o tanto tudo que queria um qualquer acalento, um olhar fundo ao que sou, qualquer coisa mais que estas paredes que me não falam, este silêncio que me não ouve, a gente perto que não tenho, não me existe, este longe que não sei preencher só.


vejo as lágrimas que recuso chorar descerem por seu rosto moreno, até sentir nos lábios o gosto de minha própria tristeza, eu escondida na vergonha de me saber assim, sem força, quase sem vida, eu que sei que é vida tanto, que o amor está em tudo o que vêem os olhos, que a paz são os passos que damos em nós, um de cada vez...


mas hoje
hoje
acordei demasiado pesada
de nada
para mo fazer saber.


porque não-outros.
ninguém.
voz nenhuma
ao apertar de uma mão,
a lembrar-me que(m) sou.


e eu não sei viver sem gente perto.



e por isso me lembra, ele mo lembra, da força da água, da força de mim, dos abraços de longe, os abraços dentro de quem nos é sempre - porque há, há mesmo quem seja sempre... -, os sorrisos de minha gente, os cheiros de meu país, tudo o que aqui me não é fora, hoje mais ainda, mas é tanto, tanto dentro.


e eu sei, sei de tudo... sei das vozes dentro, do calor, da luz, das mãos, dos sorrisos...
sei do mar.
sei de tudo.



when i'm down


down


down




when i'm down


down


down




when i'm down


down


down



























e sei-me meu próprio esquimó.









(imagens: eskimo child, de edward s. curtis. fatality e roads which aspire to light, de bogdan zwir)

domingo, janeiro 27, 2008

isto, só


" it's like...

living in the middle of the ocean,

with no future,

no past.
"*






olho as coisas.
demoro-me a olhá-las.
sento-me na cama e olho-as, só.


sem música, sequer.
só eu e o espaço.
eu no espaço. que fiz meu.


é enorme, o silêncio....




é bom.

ouço melhor as imagens.


largo amarras de mim e mergulho no que sou.
no que quero ser.



.





este ano começo-o em sentir de formiga -





não sei onde me leva o caminho,

sei que lá vou chegar.




































...














"this time,









this time,













this time,























is whatever i want it to mean."*


















































("and everything is sacred here


and nothing is as sacred as i want it to be




when it's

really

all compared to what?"
*)








* beth orton, central reservation
(imagens: lead me there, de loganart, e golden summer day, de floriana barbu)

terça-feira, dezembro 04, 2007

vida fora, dentro
























" why are the poor so stricken by despair?


why do the rich feel ever more alone?


it embraces everything,


night and dreams,


silence that arouses anxiety.


night that envelops sadness and despair.


dreams of hope for a transformation.




let us take heed of job.




then maybe we'll prevail against


the slogans, the labels, illusions and indifference,


the cradles that surround us. "



(zbigniew preisner)









(barbican, 2.xii.2007)






ele recolheu-se em si, no começo de tudo.

baixou a cabeça,
em si e com o que,

e mergulhou fundo.



ela brilhava,
já,
discreta, distinta, altiva
- senhora de sentir.





batia-me forte o presente,
como se quisesse existir de repente
em tudo o que sou
sei ser
e querer
viver
fora

como se dentro.





à minha volta
- de tão perto,
eu -,
a orquestra.....




enleio.




enlaço.




abraço.




partilha.













depois,
depois da espera discreta
ansiosa
viva
pelo tempo de preisner,
a voz.....




a voz de teresa
a arrebatar-nos de nós.

do que é
ser-se

em sentir.
para
sentir.



" understand the season,

understand your mind.

let yourself feel contact,

closeness that we find

mute as if enchanted.

days pass by in streams

leaving nought behind but

silence, night and dreams. "


(da bíblia sagrada, in "silence, night & dreams")



...





quando se recolhe ao silêncio
teresa é parte da música.

funde-se nela.




e todos

todos

somos marionetas de sentir

nas mãos dançantes de preisner.



...






do silêncio nasce a harpa.

e a noite
ali

não é já (d)o tempo.







real como os sonhos,
a flauta que me há-de ser sempre preisner,
sempre a fundura do ser.


..



e de novo teresa.
em voz-onda,
marulhar de todos os sentires.




...




olho-a fundo.
sou lágrima (d)e orgulho por ela,
neste meu longe que a vejo partilhar.

por tudo o que,
ela.



.




um coro se junta a nós
- vozes imensas de força
que se juntam à flauta de preisner,
ao piano de preisner,
aos violinos,
a todo e cada um de seus toques de sentir.






e minhas asas livres,
desenlaçadas,
assim...

como se fácil,
sempre.


eu que
agora
vôo
também.


e choro, dentro.

tremendo-me
corpo e sentir

neste embalo de força viva.








..






a música termina.

no ar,
o eco silencioso do sentir exacerbado,
indomável,
em verdade,
presença
e vida.




preisner vira-se muito
e ainda mais
lentamente
para o público.




olha-nos.

sente-nos.



e recebe
verdadeiro e humilde
- como
e com
teresa -
a nossa gratidão.














....






("peterborough, 03.xii.07

sinto muito.

sinto tudo.

a música de preisner abre-me os sentires à vida
a voz de teresa traz-me essa vida em mar...


e é dentro de mim que viajo.

por sua mão.

em paz.


(no) silêncio

(em) noite

(d)e sonhos." )












" 5, 13-14

you are salt to the world
you are light for all the world

don't be afraid


7, 7
ask, and you will receive
seek, and you will find
knock, and the door will be opened

don't be afraid


7, 13
enter by the narrow gate
the gate is wide
that leads to perdition

don't be afraid
be faithful
go "


(de the envoy of mr. cogito, de zbigniew herbert)





...







e não tenho medo...


















e vou.































e sou.

quinta-feira, novembro 22, 2007

"loop". constante.




aqueço-me para além do passado
que corta
ainda
cego em si mesmo


liberto-me de mim própria
meus próprios fantasmas
em vida parada



mesmo se me firo
arranho
queimo
engano





..


tento
levantar
me
de mim



e faço
sinto
canto
minhas
novamente
as suas palavras

..






























" lift me up on my honour
take me over this spell
get this weight off my shoulders
- i’ve carried it well

loose these shackles of pressure
shake me out of these chains
lead me not to temptation



hold my hand harder
ease my mind
roll down the smoke screen
and open the sky

















* let me fly *





- man, i need a release from
this troublesome mind
fix my feet when they’re stumbling
and where you know it hurts sometimes
you know it’s gonna bleed sometimes





































(haleh bryan, can't wait forever)










dig me out from this thorn tree
help me bury my shame
keep my eyes from the fire
they can’t handle the flame

grace cut out from my brothers
when most of them fell
i carried it well














* let me fly *






man, i need a release from
this troublesome mind
fix my feet when they’re stumbling
i guess you know it hurts sometimes
you know it’s gonna bleed sometimes

now hold on
- i’m not looking for sweet talk
i’m looking for time
time for tower and sleep walk
brother, cause it hurts sometimes
you know it’s gonna bleed sometimes
hold on























you know its gonna hurt sometimes...

when you call me...

hold on...

hold on...

hold on...






i’m gonna climb that symphony home
and make it mine

let his resonance light my way

see, all these pessimistic sufferers
tend to drag me down

so i could use it to shelter what good i’ve found "


















....





















(haley bryan, towards the light)


















..






















(primeira imagem: haleh bryan.
imagens no
slideshow: auguria, bjorn tagemose, cole rise, f.n.terryan, floriana barbu, yatsutani taizo, banksy, zack garner, lovisa ringborg e michael vesen
música: the killers, sweet talk, do novo album sawdust)

quinta-feira, novembro 15, 2007

manhã de acordar






(while you were gone, de haleh bryan)












ele deitou o seu corpo com o meu.

na calma de quem não possui,
engolimos a noite e o mundo
e sob a manhã acordámos o toque do que se não sabe em nós.


olhou-me perto,
viu-me em presença
e deu-me os olhos a sorrir.

descobriu-me dentro
descobriu-me em vida
e
sem mais nada
por mim se aventurou na solidão da não-paz em que me escondia
ainda
o fantasma egoista
de um falsificado,
abandonado,
amordaçado
amor.
















que sei

agora

que não.




















...























o meu corpo
hoje
voltou a meus braços.











(between us, de haleh bryan)



















...








( " you'll be given love
you'll be taken care of
you'll be given love
you have to trust it

maybe not from the sources
you have poured yours
maybe not from the directions
you are staring at

trust your head around
it's all around you
all is full of love
all around you

all is full of love
you just aint receiving
all is full of love
your phone is off the hook
all is full of love
your doors are all shut
all is full of love

all is full of love
all is full of love
all is full of love
all is full of love
all is full of love " )

terça-feira, outubro 30, 2007

esperança (d)e vida










anoitece.











....












é cedo

e anoitece.








....



























(brian wiles, dawn)









há vozes que me chamam e falam mais que a minha língua...



vêm de todos os lados
e são como vidas que me trazem a vida,
me lembram a doçura da humanidade fugaz,
me fazem acreditar que é sempre possível ser-se melhor...



(assim sorrimos de tudo
frente a um arco-íris chovido que invade a cidade cinzenta,
uma lua cheia que respira todo um campo de folhas sonhadas, caídas em côr,
um sol que nu e vermelho mergulha em água e sal de mar...

assim nós.
como quem olha a vida nos olhos e vê para além dela.

..

para além do que.)




aceitar quem dói,
aceitar a ausência,
aceitar escolhas e escolher
escolher
sorrir sobre tudo.

..

sobretudo sorrir.



ser verdadeira ao olhar que procura, deixar que entre nos olhos, por pouco que seja,
que entre, se sente à beira, como se.
deixar-se invadir pelas palavras que tocam,
levam o pensar sem que se pense,
fazem voar de intimidade a desconhecida distância.
hesitar, ainda, na entrega da verdade,
em verdade,
a entrega antes da paz, dentro,
porque não-paz esta serenidade que o não é,
porque não-completa, inteira,
ainda...
mas deixar,
deixar que os olhos.
beber das palavras, saborear-lhes o toque,
em segredo.
deixar que confortem
e possam ser
a vida
que se faz.



acordar a cada dia e sorrir,
sorrir só,
sorrir com,
em alegria de vida.

pela vida.

na vida.





e assim
ser
cada segundo.















...













isto
assim,
neste preto e branco de côr,
vejo eu,
faço por,
quando olho em frente.

comigo,
em mim,
na travessia do presente.

com tudo o que (não) ficou para trás.

..


ainda se sente.










...





assim eu,
no mundo,
em sal de saudade,
vida e verdade.


assim eu,
em mim,
em teimoso renascer
- como quem refaz e relembra
a cada noite
o amanhecer.

































































(imagem de bogdan zwir)





























" os desejos mais puros e ardentes do coração
são sempre realizados. "


(mohandas k. ghandi, in
"a minha vida e as minhas experiências com a verdade")

domingo, setembro 23, 2007

Life And Memories Inflicting Affection





















minha querida irmã de amor e dor,


sim, tens razão:
eu sabia.
ou talvez esperasse saber, tivesse a esperança de.
e secretamente o sentisse, já.
em ti.
como tu em mim,
logo,
desde a primeira palavra de imagem.


também eu amei inteira
e toda me dei,
em tudo,
e tanto mais do que pensei e quis ser capaz.
também eu amei com o futuro e o passado presentes em mim,
amei de olhos abertos,
até mos cegar quem mos roubou
ao deixar de olhar-me.


por isso,
sim,
os nossos amores foram,
são ainda,
por mais que,
iguais de vida,
personagens,
desilusão.
tão iguais....


igual agora este vazio de vivermos perdidas em nós,
quebradas e gastas pelo ardor do sal,
neste labirinto de pele e saudade
onde já não sabemos sentir o caminho de volta ao que somos,
fomos quando,
antes de.
- é como que se vive feliz sem essa vida inteiramente repartida,
amada em sangue, água e entrega?....


e este saber que não há nada que possamos fazer para trazê-la de volta.
e o não-saber já se, anyway...


e não haver nada que cale ou alivie a crueldade de terem violado os sítios do nosso amor - como foi que puderam, esses locais de tudo que acreditámos serem nossos, para sempre, mesmo se, mesmo agora?... -, onde nos entregámos e fomos tanto mais do que simples mortais, nós, vivas de amor e futuro.
nada que pare a faca de mágoa de os vermos constantemente aprisionados em imagens de outras mãos, outro alívio, em força e sentires que não nascem já das memórias do nosso amor,
que é destronado sem mais nada,
sem que se pare um pouco sequer,
um momento só de respeito à lembrança do que ali vivemos e entregámos,
como se nada,
ninguém mais no mundo senão nós.







...













mas um dia
- eu to prometo para além destas lágrimas que me choram as veias do corpo por si mesmo abandonado -
será também nossa a paz maior
de viver sem o seu amor.
para sempre.
como quem, agora, sem nós.



prometo.

por mais dor
o negro das azeitonas
e o vermelho das papoilas
que aos pares.

eu to prometo.
nos.


until then,

my friend of hidden face and feelings,

let us breathe.











( " help, i have done it again
i have been here many times before
hurt myself again today
and the worst part is there's no-one else to blame

be my friend
hold me, wrap me up
unfold me
i am small
and needy
warm me up
and breathe me

ouch, i have lost myself again
lost myself and i am nowhere else to be found,
yeah, i think that i might break
lost myself again and i feel unsafe

be my friend
hold me, wrap me up
unfold me
i am small
and needy
warm me up
and breathe me

be my friend
hold me, wrap me up
unfold me
i am small
and needy
warm me up
and breathe me " )






















(imagem: danae, de gustav klimt)