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segunda-feira, abril 28, 2008

regresso







" avião lisboa-londres, 27.abril.08



parto de novo.



vejo de cima a terra que amo tornar-se pequenina, mais e mais, até me caber na palma dos olhos, ser não mais que essa lembrança que me marca o ser(-me), força de gente e sentir, causa e recusa de inconstante chorar.



há caminhos desenhados lá em baixo. caminhos desejados que levam onde quis, soube querer, em sonho e vida, um qualquer outro (de) nós.
que sonhamos, podemos, queremos.
mesmo se, quando, às vezes também porque, esquecemos:
somos sempre o que em nós próprios traçamos.





abril trouxe-me a força da vontade.


as papoilas de meu alentejo cantaram-me de côr a vida.


os amigos que família, família que amigos, marulharam-me o tudo que sou.



e eu sei
eu sei
que tudo é querer.



acordo-me dentro do sonho
e desafio-me a escolher:


ganhar asas?
voar para casa?




...





- ser humilde.



viver. "


















...







" let me fall,
let me climb,
there's a moment when fear and dreams must collide

someone i am is waiting for courage,
the one i want,
the one i will become will catch me

so let me fall
if i must fall,
i won't heed your warnings,
i won't hear them

all i ask,
all i need,
let me open whichever door i might open

let me fall,
and if i fall
all the feelings may or may not die

i will dance so freely,
holding onto to no one,
you can hold me only if you too will fall,
away from all
these useless fears and chains.

someone i am is waiting for my courage,
the one i want,
the one i will become will catch me

so let me fall
if i must fall,
i won't heed your warnings,
i won't hear

let me fall,
and if i fall
- there's no reason to miss this one chance,
this perfect moment -,
just let me fall. "








..






(com um abraço
forte
de tanto
à cláudia,
amiga de tudo,
que me amparou a queda de angústia
nesta terra de saudade
e me sempre lembra as asas
as alturas
a gana
de meu voar em liberdade.)
















..








(imagens, música e poema retirados do espectáculo quidam, pelo "cirque du soleil")

terça-feira, fevereiro 26, 2008

tempo de.

























(faded memories, haleh bryan)






" é preciso arranjar outros
motivos
outras flores e astros

outras abertas

entre a chuva cansada de um outono
que não sabe já
qual é a terra certa

é preciso pensar outras imagens
outras fissuras, sítios
e cidades

pôr fim ao lamento deste vento
tentar tirar ao anjo
a túnica e o sabre

é preciso inventar outras paisagens
outros montes e águas
outras margens

abrir e expôr o coração
e finalmente deixar
correr as lágrimas "


(maria teresa horta)








fecho as lágrimas nas palavras
para que mais não chovam
sobre o dia de hoje.


porque o sorrir
(que)
aos outros.


a recusa em viver
(cega)
na dor.







..













fecho as lágrimas...














e invento.





























(ben arieh)














...









(-me.)

domingo, fevereiro 03, 2008

a sós














sem amigo companhia ou criança que comigo percorra a solidão que hoje me fere sem cuidado ou respeito, invento um esquimó de terra distante e desconhecida, como se essa em que vivo esta agora tristeza, para que me ouça, me cale, me chore.


falo-lhe do acordar vazio, do não abrir dos olhos para tentar ainda calar o frio dentro, do procurar depois em todos os lugares um qualquer sinal de acalento, como se não soubesse tão bem como é negro, pintado à mão, devagar, o abandono de quem. em tudo.


conto-lhe dos dias passados escondida em quarto de mim, sem que o saiba ninguém.
das portas trancadas nesta casa que não habito sozinha, mas que não é vida comigo, esta casa onde me fecham caras todo o dia, onde não há música ou partilha, conforto ou um só sorriso que ajude ao passar (d)o medo.



tiredness fuels empty thoughts

i find myself...
disposed


brightness fills empty space

in search of...
inspiration



harder now with higher speed

washing in
on top of me



so i look to my eskimo friend


i look to my eskimo friend


i look to my eskimo friend



when i'm down


down


down



rain it wets muddy roads

i find myself...
exposed


tapping does but irritate

in search of...
destination



harder now with higher speed

washing in
on top of me



so i look to my eskimo friend


i look to my eskimo friend


i look to my eskimo friend




when i'm





d








o












w



















n












.







.








.










.
































digo-lhe, confesso-lhe, que não há tristeza maior que a solidão, por maiores tantas outras dores... não há sentir que me cale como este. que me enmure. me inunde o dia de quietude e sal. eu que tento saber do que é, do que existe, do que somos sem razão de sentir.
assim de triste, não há.


explico-lhe a ele, meu amigo inventado, o tanto tudo que queria um qualquer acalento, um olhar fundo ao que sou, qualquer coisa mais que estas paredes que me não falam, este silêncio que me não ouve, a gente perto que não tenho, não me existe, este longe que não sei preencher só.


vejo as lágrimas que recuso chorar descerem por seu rosto moreno, até sentir nos lábios o gosto de minha própria tristeza, eu escondida na vergonha de me saber assim, sem força, quase sem vida, eu que sei que é vida tanto, que o amor está em tudo o que vêem os olhos, que a paz são os passos que damos em nós, um de cada vez...


mas hoje
hoje
acordei demasiado pesada
de nada
para mo fazer saber.


porque não-outros.
ninguém.
voz nenhuma
ao apertar de uma mão,
a lembrar-me que(m) sou.


e eu não sei viver sem gente perto.



e por isso me lembra, ele mo lembra, da força da água, da força de mim, dos abraços de longe, os abraços dentro de quem nos é sempre - porque há, há mesmo quem seja sempre... -, os sorrisos de minha gente, os cheiros de meu país, tudo o que aqui me não é fora, hoje mais ainda, mas é tanto, tanto dentro.


e eu sei, sei de tudo... sei das vozes dentro, do calor, da luz, das mãos, dos sorrisos...
sei do mar.
sei de tudo.



when i'm down


down


down




when i'm down


down


down




when i'm down


down


down



























e sei-me meu próprio esquimó.









(imagens: eskimo child, de edward s. curtis. fatality e roads which aspire to light, de bogdan zwir)

domingo, janeiro 27, 2008

isto, só


" it's like...

living in the middle of the ocean,

with no future,

no past.
"*






olho as coisas.
demoro-me a olhá-las.
sento-me na cama e olho-as, só.


sem música, sequer.
só eu e o espaço.
eu no espaço. que fiz meu.


é enorme, o silêncio....




é bom.

ouço melhor as imagens.


largo amarras de mim e mergulho no que sou.
no que quero ser.



.





este ano começo-o em sentir de formiga -





não sei onde me leva o caminho,

sei que lá vou chegar.




































...














"this time,









this time,













this time,























is whatever i want it to mean."*


















































("and everything is sacred here


and nothing is as sacred as i want it to be




when it's

really

all compared to what?"
*)








* beth orton, central reservation
(imagens: lead me there, de loganart, e golden summer day, de floriana barbu)

quinta-feira, novembro 08, 2007

longe, em aniversário






















(edvard munch, puberty)





" ...and that's the day i knew there was this entire life behind things, and...
this incredibly benevolent force, that wanted me to know there was no reason to be afraid, ever.
(...)
i need to remember...
sometimes there's so much beauty in the world i feel like i can't take it,
like my heart's going to cave in.
"

(do filme american beauty)




..





escrevo neste longe como quem escreve em casa.

tudo me é paz, força e vida
neste momento de tempo.
instante.

toques novos que me levam ao que sou,
me beijam em murmúrio o ouvido,
me acordam de certeza e sorriso.


guardo tudo para que o lembre,
mais tarde,

a este tempo parado

suspenso

em dislumbre
e maravilha

de ser-se humilde


como a vida.

























(bogdan zwir, butterfly)



...


na ausência do toque
do mar
dos outros
(re)escrevo-me.
lembro tudo o que sou
sinto
vivo.


mesmo se longe.
mesmo se aqui.
mesmo se na distância
dorida
de um
qualquer
não-abraço.


..


sei que vivo

viva.



e isso me é tudo.


que a cada passo
a cada gesto
a cada toque de maravilha adormecida
eu seja
sinta
exista
na paz marulhar
de ser verdade na vida.
















(ana nicolau)

terça-feira, outubro 30, 2007

esperança (d)e vida










anoitece.











....












é cedo

e anoitece.








....



























(brian wiles, dawn)









há vozes que me chamam e falam mais que a minha língua...



vêm de todos os lados
e são como vidas que me trazem a vida,
me lembram a doçura da humanidade fugaz,
me fazem acreditar que é sempre possível ser-se melhor...



(assim sorrimos de tudo
frente a um arco-íris chovido que invade a cidade cinzenta,
uma lua cheia que respira todo um campo de folhas sonhadas, caídas em côr,
um sol que nu e vermelho mergulha em água e sal de mar...

assim nós.
como quem olha a vida nos olhos e vê para além dela.

..

para além do que.)




aceitar quem dói,
aceitar a ausência,
aceitar escolhas e escolher
escolher
sorrir sobre tudo.

..

sobretudo sorrir.



ser verdadeira ao olhar que procura, deixar que entre nos olhos, por pouco que seja,
que entre, se sente à beira, como se.
deixar-se invadir pelas palavras que tocam,
levam o pensar sem que se pense,
fazem voar de intimidade a desconhecida distância.
hesitar, ainda, na entrega da verdade,
em verdade,
a entrega antes da paz, dentro,
porque não-paz esta serenidade que o não é,
porque não-completa, inteira,
ainda...
mas deixar,
deixar que os olhos.
beber das palavras, saborear-lhes o toque,
em segredo.
deixar que confortem
e possam ser
a vida
que se faz.



acordar a cada dia e sorrir,
sorrir só,
sorrir com,
em alegria de vida.

pela vida.

na vida.





e assim
ser
cada segundo.















...













isto
assim,
neste preto e branco de côr,
vejo eu,
faço por,
quando olho em frente.

comigo,
em mim,
na travessia do presente.

com tudo o que (não) ficou para trás.

..


ainda se sente.










...





assim eu,
no mundo,
em sal de saudade,
vida e verdade.


assim eu,
em mim,
em teimoso renascer
- como quem refaz e relembra
a cada noite
o amanhecer.

































































(imagem de bogdan zwir)





























" os desejos mais puros e ardentes do coração
são sempre realizados. "


(mohandas k. ghandi, in
"a minha vida e as minhas experiências com a verdade")

sábado, setembro 29, 2007

minha terra, liberdade de amor e mar


o sangue da língua,
a canto das veias,
o vento da voz....

ouço na noite as gaivotas que me chamam à terra de mim.























.....





aterro.

o calor do sol...


eu maré de perguntas
livres de sentido e respostas.


- como é que...?
- mas não...?



- for good?





..




(for good.................................?)





..




lisboa.
ando pelas ruas.
ando

cheia de tudo o que sou.
cheia
como a lua.
com a lua.
cheia.
mesmo se a cheiura de mim
é tão relativa quanto o amor que foi (sen)tido.
contínuo.
contínua.
continua.
continuo.


prossigo.
ando.
ando mais.
ando muito.
os rapazes da água a gritarem-me ao sangue,
a fazerem-me mar
aqui
em mim.
that was the river.
cada minuto
passado.
this is the sea.
cada minuto
presente.


o mar, o mar, o mar...
meu mar de embalo,
meu mar de mim.........


entro numa casa.
fala-se amor à minha volta.
há olhos de meninice,
nos que crianças e nos que não.
olho-os ao espelho e sei-os verdade,
a cada um,
no que me é dentro,
no que somos,
como um,
tanto,
para sempre.
- minha família de sangue,
tribo de amor e justiça...


passo no bairro das ruas tortas,
que se entortam,
e são como um filme, os amigos.
olho-nos de fora sem que o saibam
e sorrio tanto,
é-me tão feliz este tempo todo,
anos de nós,
de intimidade
e cumplicidade,
que ficam,
e agora outra vez,
mais esta vez,
aqui.



(decido não fazer por tentar ver o amor, descobri-lo, um vestígio de, como se não fosse tão cruelmente óbvio, o seu estrangular na escolha da vida sem, desequilíbrio, desequilíbrio, resisto, desisto, caio de novo, caio nos olhos, na vontade, no presente, um momento, um só, um só que queria saber que querido também, só, caio, caio, nós cada vez mais longe, sem a fala, sequer, caio, calo, caio, dói-me a dor, a sua também, dói-me tamanho cansaço de vida, sem que possa, sem que ouse sequer tentar ajudar, porque agora, porque o amor deitado fora, o violar do sagrado, o abandono, tão só isso, total, longe, o alívio que já não vem de meus braços, a paz que se consegue sem mim, caio, caio, mas caio com asas, asas que me esqueço de abrir, esqueço de usar, porque não sei, não sei ainda, e era contigo que eu queria dançar.
acordo antes do fundo, ladeada por esse lugar em tempos imaculado, intocado por quem senão, acordo, acordo, bato as asas, danço de olhos fechados mas danço, suspensa, surpreendida, ainda, neste limbo de transição, sem ter aberto de vez a mão para deixar, também eu, ir o amor sem salvação, roubado até de seu porto de abrigo, sem asas ou vida humana que o lembrem de ter sido real.



cuando te hablen de amor y de ilusiones
y te ofrezcan un sol y un cielo entero;
si te acuerdas de mí no me menciones
porque vas a sentir amor del bueno.

y si quieren saber de tu pasado
es preciso decir una mentira,
dí que vienes de allá de un mundo raro,
que no sabes llorar, que no entiendes de amor
y que nunca has amado.

porque yo a donde voy, hablaré de tu amor
como un sueño dorado
y olvidando el rencor no diré que tu amor
me volvio desgraciado.

y si quieren saber de mi pasado,
es preciso decir otra mentira,
les diré que llegué de un mundo raro,
que no sé del dolor, que triunfé en el amor
y que nunca he llorado.





e eu hei-de deixar de sentir-nos em cada rua de então.)



.





é fim de tarde.
de todos os cantos da fotografia me espreita a luz de cima, em céu claro, azul de olhos, também, sol radioso, radiante de vida nesta cidade que sou.
mesmo se por vezes
ainda
aqui
me não acho lugar.
em todas as ruas te encontro.
ainda.
em todas as ruas me perco.

..

dá-me a mão, lisboa, vem perder-te comigo, vem ser em mim a beleza de força e entrega de minha mãe, vem sentar-te a meu lado ver a bianca luz que nos invade de carinho, já, vem abismar-te de orgulho e gratidão por essa cinderella que tanto dá aos que lhe são dentro, e que agora abre coração e vida a uma menina a quem ensinará o amor, a família, a segurança eterna de não estar só.
e o mundo, só por isso, ser tão mais bonito e alegre, hoje.


...


o mar, o mar, o mar...
meu mar de embalo,
carinho,
certeza...
mar da comporta,
mar de mim...............



















...






minha casa de água salgada que não ouso ainda provar,
por mais que me (es)corra na pele...
faço-me as malas.
(re)parto(-me) de novo.

mas aqui morarei um dia.
sei-o,
fundo.

por mais que eu.
por mais que tu.
por mais que o mundo.







(" the times we had
oh, when the wind would blow with rain and snow
we're not all bad
we put our feet just where they had, had to go
never to go

the shattered soul
following close but nearly twice as slow
in my good times
there were always golden rocks to throw
at those who,
those who admit defeat too late
those were our times
those were our times


and i will love to see that day
that day is mine
when she will marry me outside with the willow trees
and play the songs we made
they made me so
and i would love to see that day
her day was mine" )






















(poema un mundo raro de josé alberto jiménez)

sábado, setembro 08, 2007

homesick

.
adj.
acutely longing for one's family or home.

.





















minha amiga de tanto:


vim aqui dizer-te que sei.

eu sei.

sei do peso da saudade.

sei dos dias de acordar difícil,
em frio,
como se todo o sono tivesse sido de olhos abertos em lembranças.

sei que é quase sem-razão
a não-partilha com quem nos foi toda a vida,
diariamente.

sei o que faltam,
o que custa faltarem,

os olhos

as mãos

os
sorrisos.


sei dos dias de querer outro acordar
que não o do silêncio de uma casa vazia de vozes ou memórias vividas.




e a verdade é que a saudade não muda,
permanece,
posso dizer-to porque te não minto.

mas nós podemos
podemos escolher
mudar nela.


e permanecer.

lá onde a nossa gente tem sorrisos de aldeia e mar
mãos que a nossa sabem de cor
olhos onde somos quem fomos.


permanecer.

por maior a fundura, o longe, o medo de tudo.


porque sabemos
sabemos
o quanto
tudo
permanece
em nós.


..

façamos por viver, amiga de mim.
ocupemos o tempo em vida,
a mente em ser presente.
(d)o presente.
que tudo tem em si.
em nós.

como (re)tem o passado
e sorri
a medo
ao futuro.


...




falta o toque, eu sei...
o perto.

o antídoto para esses momentos que nos desavisam da força
e nos fecham dentro, aninhadas de saudade.


falta...


.





por isso aperto a tua mão.































porque sei.














(imagem: drawing hands, de m. c. escher)

sábado, setembro 01, 2007

over(.) again.






















longe.

de novo.


terra nova,
gente nova,
cheiros olhares palavras caminhos,
lugares de encontro modos de ser,
espaços que me semearão força
toques de sentir e saber
- tudo,
tudo de novo.


..







mudo na vida o modo de vida.





de novo.




longe.











(imagem: la réponse imprévue, de rené magritte)

sábado, agosto 04, 2007

em jeito de (re)começo.


"mesmo quando nos mudámos para os quartos que o amigo sindi nos tinha recomendado, ainda me estava a sentir pouco à vontade em londres, com saudades de casa e do meu país. o amor de minha mãe não me saía da cabeça e, à noite, vinham-me lágrimas aos olhos e não conseguia adormecer. era impossível conversar com alguém sobre o que estava a sentir e, mesmo que o fizesse, que diferença faria? nada conseguia aliviar a minha angústia. (...) encontrava-me, portanto, entre a cruz e a espada. (...) agora que tinha chegado, deveria ir até ao fim dos três anos, dizia-me uma voz interior."

(mohandas k. ghandi, "a minha vida e as minhas experiências com a verdade")


recomeço-me do zero.

construo
me

mais uma vez.

viajo
dentro
e fora
do que fui
e sou.



por mais forte o que ficou para trás
- tudo o que, de dor nos lábios,
viveu seu imerecido fim -,
abro agora
agora
caminho:
sorrio ao futuro e regresso a mim.


" não vou lamentar, o que passou passou
eu vou embora, meu tempo acabou
tenho muita coisa para descobrir
eu sinto muito mas tenho que ir

vou pro mundo porque nada mais me prende aqui
é o final do show
e não fique magoada porque vou partir
é só o jeito que eu sou

changes
lá vem meu trêm
vem meu trêm
tô saindo fora e agora eu vou me dar bem
changes
lá vem meu trêm
vem meu trêm
sei que tá na hora e agora eu vou me dar bem
- sempre em frente, nunca pra trás

não é por nada não mas vou me divertir
enquanto a vida assim permitir
só vou procurar fazer amigos do bem
se precisar, ajudar também

e agora a liberdade e o horizonte
só você não sacou
nova york, ipanema ou hong kong
é por aí que eu tô

changes
lá vem meu trêm
vem meu trêm
tô saindo fora e agora eu vou me dar bem
changes
lá vem meu trêm
vem meu trêm
sei que tá na hora e agora eu vou me dar bem
- sempre em frente, nunca pra trás

livre
eu me sinto sublime
gente mais gente
o sol e o mar azul

changes
lá vem meu trêm
vem meu trêm
tô saindo fora e agora eu vou me dar bem
changes
lá vem meu trêm
vem meu trêm
sei que tá a minha hora e agora eu vou me dar bem
- sempre em frente, nunca pra trás
- sempre em frente, nunca pra trás "

(letra de seu jorge)


....



por TODA a vossa força,
gente minha
de diferentes redes,

tanto
obrigada.

quarta-feira, agosto 01, 2007

self-encouragement. as a reminder.


em dia de (nova) partida.
até mim.

porque parto de dor nos olhos.
(parte de lágrimas sem voz ou falar...)
mas parto inteira.
(parte cheia...)
a latejar.




















" Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

Ver-te sorrir eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será de ti ou pensas que tens...que ser assim?...

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

Ver-te sorrir eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será de ti ou pensas que tens... que ser assim?...

Olha que a vida não, não é nem deve ser
Como um castigo que tu terás que viver
Olha que a vida não, não é nem deve ser
Como um castigo que tu terás que viver

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar "



(antónio variações)



....



















(imagem: departure, de NguyenDinh Dang)

domingo, julho 08, 2007

in-between.

passeio a vida nas palavras que sinto
no tremor que confesso
e me torna o rosto incolor
o sonho ténue
os olhos mornos
de mim.


mostro
me
em silencio
a quem
perto
me quer
tanto.
sem mais nada.

cubro
tudo
de palavras
a quem
longe
tanto
me quer.

mas.
























(desafio.
me.
- se o dia acabasse
pela manha
de que cor
a saudade

do sol na pele
da pele nos outros
do mar vivido
do sonho de ti?)







......











...










“yo llore porque no tenia zapatos
hasta que vi un niño que no tenia pies”


oswaldo guayasamin





.













(imagem: llanto, de guayasamin)

quinta-feira, julho 05, 2007

(um) regresso.

volto lá.



















....


quando me lembrei de partilhar marulhos esse lá era o meu "cá".
este cá era o meu "lá".

..

e agora volto.


sem esperar nada, querendo só ser.
saber a vida, de longe, sentir se me fala de perto.

era aqui que vinha, quando. a minha casa, a minha terra.
agora vou ouvir o que me diz essa minha terra de outro lugar.

o liveearth vai fazer-me sentir vida.
é isso a música em mim.
mais ainda se ao vivo, no meio de tanta, tanta gente que o sente também.
é mágico.


vou talvez finalmente fazer o meu salto de paraquedas.
agora a fazer-me ainda mais sentido.
agora voando ainda mais alto.
com.



vou estar com amigos dentro, tão dentro como, que me sabem e confortam antes mesmo de eu o saber.


vou ver a minha outra cidade.
tão diferente.
tão, tão diferente...
e tão minha, também.
nevertheless.
tanto que tenho
mesmo
saudades.

.



disse-lhe
- a ver se me encontro, por lá....


e ele respondeu só
- dá-te um abraço meu, se te vires :)




....






e é só isso:





voltar.
agora.
respirar.
e perceber
saber
o que quero ser
e valer.



" Yo adivino el parpadeo
de las luces que a lo lejos,
van marcando mi retorno.
son las mismas que alumbraron,
con sus pálidos reflejos,
hondas horas de dolor.
Y aunque no quise el regreso,
siempre se vuelve al primer amor.
la vieja calle donde el eco dijo:
"Tuya es su vida, tuyo es su querer",
bajo el burlón mirar de las estrellas
que con indiferencia hoy me ven volver.

Volver,
con la frente marchita,
las nieves del tiempo
platearon mi sien.
Sentir, que es un soplo la vida,
que veinte años no es nada,
que febril la mirada
errante en las sombras
te busca y te nombra.
Vivir,
con el alma aferrada
a un dulce recuerdo,
que lloro otra vez.

Tengo miedo del encuentro
con el pasado que vuelve
a enfrentarse con mi vida.
Tengo miedo de las noches
que, pobladas de recuerdos,
encadenan mi soñar.
Pero el viajero que huye,
tarde o temprano detiene su andar.
Y aunque el olvido que todo lo destruye,
haya matado mi vieja ilusión,
guarda escondida una esperanza humilde,
que es toda la fortuna de mi corazón.

Volver... "









(poema de alfredo le pera
imagem de ana nicolau)

segunda-feira, junho 25, 2007

só (n)isto.









pegar em mim e ir.

ir?.....

partir da dor, do presente,
partir à procura de ar?
partir virada para trás,
partir sem caminhar.

confiar dentro e fora?
respirar em mim sem os outros?

e se?........
e se.




agora eu não sei que fazer
sentir
viver
pensar.
agora eu não sei
como
com quem
para onde
continuar.

e agora.....
"agora estou gelada.
gelada. "


e sinto que me afogam
às vezes
as minhas
outras
mãos.
debaixo d'água.
onde tudo era
era
tão mais
bonito.

antes.

quando a vida se vivia
de olhos abertos.
a respirar.





(música "debaixo d'água / agora", de arnaldo antunes / titãs, por bethânia.
imagem: ffion waits, de jackie morris)

sexta-feira, março 23, 2007

é meu o grito desumano.
calado.
de não saber.
de mim ou ninguém.
de me ser amputado o gesto
quando estendo o braço a quem.

mas não desisto.
não me fico.

a minha força
é a do que sou.
da onda que limpa
e do mar que a criou.
se sozinha for,
sozinha vou.

a força tem de ficar.

como quem não desiste
e sonha o futuro.
como quem desafia
a morte no escuro.

a verdade é só uma.
ser forte é querer.
tudo o resto
mentiras
a trair o viver.


























....






(imagem: trying to fit in, de dale wicks)

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

às voltas com a(s) diferença(s)























" The Road Not Taken


Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I —
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference. "

(robert frost)


porque é
tanto
o que
empurra
puxa
e também
que eu já não sei
não sei
como a outra
se saberei
mesmo
sentir.

ou o quê
- já tanto me faz.







....






(imagem: ana nicolau)

sexta-feira, janeiro 26, 2007

"stuck in the middle with"



















é durante o dia, até...

às vezes,
se não passeio pela côr desta cidade que amo,
se me fecho em casa
sem saber de mim
do que chega
ou da vida
lembro as ruas dessa outra
- que o é já ela -
cidade de mim.
lembro maneirismos
sinto-a
e ouço
em mim
todas
as línguas de si.

e tenho
tenho
saudades.
até mesmo
da própria vida.





....



(imagem: Missing You, de Raven La Fontaine)

quarta-feira, janeiro 17, 2007

"i think you better go ahead"













" Run for the hills before they burn
Listen to the sound of the world
Then watch it turn
but shake a little
Sometimes I'm nervous
when I talk
I shake a little
Sometimes I hate the line I walk

I just wanna show you what I know
And catch you when the current lets you go

Or should I just get along with myself
I never did get along with everybody else























I've been trying hard to do what's right
But you know I could stay here
All night
And watch the clouds fall from the sky "

(the killers, this river is wild)









....







(imagem: "emptiness", de lollipop)

quinta-feira, dezembro 07, 2006

"paráfrase"

guardei as conchas.














agora sei que vou partir.

domingo, outubro 29, 2006

soror luz.

querida avó,

escrevo-te num domingo, antes de me pôr a trabalhar, porque me veio assim este repente desta vontade toda de falar-te.

tenho andado bem, avó, umas vezes mais triste que outras, outras tão cheia de tudo que me sinto enorme de vida.

tenho saudades, sim, claro, muitas de ti, mas hoje é o perto que estás, o próximo que somos, mais ainda depois de teres ido, teres tido que ir, que me faz escrever-te.

na sala tenho uma moldura com a fotografia do teu pai - desculpa tratar-te por tu, sei que não gostavas, mas sei também - assim mesmo, de saber - que isso agora já não tem importância -, outra em que estás tu, também, e sinto-me, vejo-me, protegida do que é impuro um pouco por todo lado.
porque a pureza é o que somos nós.
e tu sabes o que eu.

tenho-me alimentado bem, quero que o saibas, e tenho até escrito num caderno o que como, para saber que dou ao corpo o que ele precisa para sobreviver até ao fim nestes princípios que tenho. a minha cozinha é a tua, é assim que a vejo, os talheres, as panelas, a maneira de cozinhar são teus, teus em mim, agora. sinto-te mesmo aqui, sabes? sei que o sabes... porque estás.

tenho tido algumas dúvidas nalgumas coisas, não sei onde andam amigos de tantos anos, por que é que se deita a perder uma amizade, por que é que não há espaço, parece não haver, às vezes, para a compreensão? por que é que há-de ser a tristeza, não a alegria, a juntar-nos daqui a... não sei se meses, se anos, se o quê. não aprendemos a lição de há quase 14 anos?... (14, avó... olha lá como o tempo passa.....) não aprendemos então que a vida dos outros não dura para sempre? (com a minha própria mortalidade posso melhor que com a dos outros, ainda e sempre, sabe-lo tu tão bem agora...) que no tempo que temos não cabem distâncias? que nunca devemos?
....
sinto-me perdida no silêncio que me é dado, e ao mesmo tempo temo estar a dá-lo também. mas tentei, avó... não tentei? é onde a linha que separa o que é merecido e o que é dado sem que? e terá mesmo de existir, essa linha?

e, avó, o que é que é pior quando amigos carnívoros me deixam carne cozinhada cá em casa: não a comer porque é animal, ou comer porque é comida, e há tanta gente que?

olha, avó, se cortassem os trigos agora até podia ser que me vissem a solidão, mas viam também a luz da cor do trigo, mesmo cortado, e eu via também para o lado de lá da sombra, por isso se achares melhor, se for época disso agora, corta-os, corto-os contigo, porque há muita coisa que ainda tens de me ensinar, ajudar a descobrir sozinha, contigo.

vem cá, promete contar-me a história toda dos 10 anõezinhos que me vão ajudar a arrumar a casa, como o quarto quando era (mais) menina, para que eu a arrume tão rápido, tão mais facilmente, para depois me dizeres que são os meus dedos, as minhas mãos são quem me ajuda. tu em mim, tanto e tanto.

lembro-te muito, mesmo se a atenção tem sido focada neste estranho de agora, nesta incerteza do que vem, este limbo de medo e esperança em um, em mim, em quatro, nós todos, em tantos mais, e sinto a tua força a fazer-me, também, sorrir.

e sinto o abraço, o teu, aquele como quando te aparecia sem esperares, ida deste longe de cá, e tu a abraçares-me, tu a dizeres, como se a surpresa fosse tão recente que te fizesse falar de mim como se ali ainda não estivesse, ainda, a abraçares-me muito e a dizeres "ai, que todas as noites peço tanto por ela...".
olha, avó, resultou. o teu pedir. o teu acreditar. o de tantos outros, também. caminho, como sabes agora, tento mesmo não me desviar dessa missão, caminho para me tornar uma pessoa melhor a cada reacção que não entendo, cada palavra que magoa, cada zanga que me apetece soltar. porque é fácil ser-se bom quando se está feliz, mas quando nos toca a desilusão é tão mais difícil sermos o que de mais bonito há em nós...
por isso não desistas, não desistas de mim.

eu chego lá.


...


anda, canta-me agora um fado, aquele do miúdo, o do bravo bravissimo, enquanto trabalho.
"mas oh santo deus..." - como é que era avó?...
e a velhinha fonte, diz-se no monte, a morrer de saudade.
e tu a seres tanto
tanto
que nos trazes
ainda
a força
e a felicidade.