sábado, janeiro 12, 2008

ano novo. (em) diário.






lisboa, 28 de dezembro de 2007



é natal e eu sou menina,
em minha terra de vida e força do que me é tudo.
porque a mim me sou nesta cidade de paz e confiança, sem máscaras, chuva negra, não-mar.


é natal e sou menina.
como quando meus todos avós eram vida, e nessa casa cheia de risos o natal era gente tanta. viva.


é natal e eu sou menina em minha terra de mar.
ando como nuvem, eco contínuo de paz, como se um enorme espanta-espíritos, em sons de lisboa, me guiasse o tom dos passos.

os sorrisos são abertos, são-me tudo, e há em cada corpo que aperto o sentir da vida que sou, a que regresso sempre, aqui, como se nunca (a) partida.

dos olhos de minhas novas infâncias bebo o saber de quem sabe nada e nada teme, e tem como seu-tudo o riso, o riso que enche de vida o espaço de quem esteja, que por sobre o presente nos embala o futuro em alegria criança. de existir.

é natal e sou menina.
com(o) eles.
neste todo tudo que lhes tenho, este sentir mais limpo de toda a vida.
mais do que.
tudo.


é natal em minha terra de sol.
conheço gente que me não conhecia, mesmo se tanto, já, entre nós, e o perto que somos tem o carimbo do amor a nossas raízes, também, das mãos que agarram a terra e a apertam até que se entranhe, até que seja tão verdade quanto o sangue que bebemos dos lábios que não beijamos nunca, e serão sempre desejo de outra vida, aventura (in)imaginável do que um dia, se.

evito os olhos que poderão prender (essa tão má tradução de nosso cativar...) e devolvo os meus ao mar, para que os renove, me tome, possua, me refaça,
menina,
uma outra vez.

visito lugares do passado, onde fui (essa) menina e tudo me era enorme, naquele quarto com malas e malas e mais malas e mais, côres de brilho e vida com que brincávamos a tantas mãos, quartos escuros de pó e recordações, vidas, vidas, onde entrávamos à descoberta de um passado que não sabíamos explicar, indecifrável magia de nosso brincar, o quarto dessa bailarina formosa, generosa, dança e vôo em palco de vida, que não saberia nunca que um dia nos choraria, antes demais, o tempo - este vazio de espaço dentro nos lugares em que faltará sempre mais que uma presença.
porque há dias em que poderia simplesmente chorar(-te), meu missing man.

.


sou presença nos amigos, alguns de há tanto, tanto tempo que quase nos não lembramos já da vida sem. e faço, (re)conheço novos, sei que juntos criaremos, nasceremos (em) momentos de partilha e sorriso, olhares que começam a saber ver-se e. como se espelho, realmente, o que.

juntamo-nos, gentes agora distantes, e somos um outra vez, nós, grupo de tantas histórias, tantos momentos, partilhados viveres de uma vida só.
a todos abraço forte, forte muito, porque o tempo escasseia e nós sabemos,
sabemos,
que a vida não é nossa para saber o amanhã.
vivemos hoje o que somos,
e juntos,
juntos,
somos força de amizade
em riso e noite
de lua e de nós.










natal.
eu menina, sentada em frente a este mar que me fala dentro e mistura em sua voz o marulhar das vozes morridas, (e)terna presença em meu espelho de olhar.


é natal e eu sou menina.

é natal em meus país de mar.










..









....










é como um (re)acordar....
regressada da cidade de mim,
que me viu nascer
e fez
- faz -
crescer,
acordo em quem sou com tamanho sentir que poderia chorar a cada passo que dou,
cada cheiro que (re)lembro,
cada enlace que guardo dentro,
marulhado de sonho (d)e vida.




que este ano
de imensos dias,
vos seja o viver de um dia,
um momento,
um sorrir,
sempre,
de cada vez.

a todos vocês
que me acordam (a)o sentir.

e a todos os que
sem o saber
no-lo fazem.
diariamente.






























" we are the music makers




and we are the dreamers of dreams. "
*








..





lembremo-lo.


a cada dia de nós.







* do poema Ode, de arthur o'shaughnessy
(imagens: traveler 48 at night, snowglobe, de walter martin e paloma muñoz
m.l.f., praia de carcavelos, dezembro.2007)

24 comentários:

Anónimo disse...

Mas valeu a pena a concentração...
Abacinho munto gande

Rosa maravilhosa :-)

Dalaila disse...

já tinha saudades de marilhar nos teus sempres belos textos que partilhas.

é bom acordar numa bola de neve que dança....

JoaoN disse...

Oh, as fotos não entraram! :-(

JoaoN disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pulsante disse...

Uf... ;)

Ad astra disse...

que saudades de (ti) te ler(ver) assim!!!

beijinho

Stella Nijinsky disse...

Oi Nana,

Já cá tinha vindo, a ver se tinhas voltado.

Imaginei que andasses aqui por Lisboa e não me enganei.

A tua retrospectiva e visão presente e futura tem um enorme pendor de agradecimento, face à tua terra.

Generosa a devolução dos olhos ao mar, mar que marulha vozes morridas, mar que nos faz aquilo que somos.

Um beijo,

Stella

Anónimo disse...

Ainda bem que neste hiato te perdias e te encontravas nos sítios onde já te perdeste e te consegues encontrar e reencontrar.

Que bom, teres regressado, aqui e assim...

Bj

un dress disse...

vagueias entre memórias e marulhos


ser o que és e a semente dos dias que seguem.

sentires.

muito.

intensamente.

envolveres os lugares

que visitas

de aroma a maresia.

a tua.





abraÇo.beijO.luz.

aves~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

ROSASIVENTOS disse...

chocolate

e

sapato de ferro



chocolate

entredentes disse...

os sonhos a fermentar em caixas de transparências...

Anónimo disse...

Valeu a pena vir aqui tantas vezes, e não encontrar nada de novo, para hoje ter esta - BELA - surpresa;
mesmo se algumas vezes és, como a Inês, difícil de ler, é como se eu estivesse a ler um livro em Inglês - não conheço as palavras todas, mas entranha-me o sentido.

xxxxx

M_d_O_M

Alberto Oliveira disse...

... diário de uma portuguesa, escrito em português, bem preenchido de regressos e despedidas e onde o vocábulo saudade não faz falta nenhuma porque a vida é para ser apreciada. Aqui o fado é outra música...

~pi disse...

de todos os reconhecimentos

teus

os que reconhecemos nossos

passos cidades emoções

partilhadas

e nos

acalentam

a

alma



~~



:)

Anónimo disse...

tinha tantas saudades de te ler! o natal é uma época mágica, de comunhão com a família, seja ela pequena , grande, de sangue, ou a escolhida que são é os nossos amigos.

desejo-te um ano excelente! e fico mt mt feliz por teres regressado a este cantinho virtual :)

K disse...

Não é ler-te. é partilhares-te na tua imensa sensibilidade...como as ondas que embalam

~pi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ROSASIVENTOS disse...

abro essa porta solar



e aos animais de veludo


aos satélites sem rota


abro as mãos de vento e rosas


de par em par




*

ricardo disse...

Boa Semana!
****

Atlantys disse...

Já tinha saudades de ver coisas novas por aqui =)
Bjks e boa semana =)*****

un dress disse...

pelos teus empáticos

ternos

marulhos

murmúrios

líquidos

.aquáticos






OBRIGADA

luci disse...

tu

rio

de

ocorrência

clara


.

.

.

Girstie disse...

Por que mares andas tu que andas tão ausente? Volta :)

Gi disse...

Ao ler-te vagueei pelos natais, pela magia da minha infância. Um mar de sensações estes teus marulhos.

Um beijo soprado, numa ondinha