ano novo. (em) diário.
lisboa, 28 de dezembro de 2007
é natal e eu sou menina,
em minha terra de vida e força do que me é tudo.
porque a mim me sou nesta cidade de paz e confiança, sem máscaras, chuva negra, não-mar.
é natal e sou menina.
como quando meus todos avós eram vida, e nessa casa cheia de risos o natal era gente tanta. viva.
é natal e eu sou menina em minha terra de mar.
ando como nuvem, eco contínuo de paz, como se um enorme espanta-espíritos, em sons de lisboa, me guiasse o tom dos passos.
os sorrisos são abertos, são-me tudo, e há em cada corpo que aperto o sentir da vida que sou, a que regresso sempre, aqui, como se nunca (a) partida.
dos olhos de minhas novas infâncias bebo o saber de quem sabe nada e nada teme, e tem como seu-tudo o riso, o riso que enche de vida o espaço de quem esteja, que por sobre o presente nos embala o futuro em alegria criança. de existir.
é natal e sou menina.
com(o) eles.
neste todo tudo que lhes tenho, este sentir mais limpo de toda a vida.
mais do que.
tudo.
é natal em minha terra de sol.
conheço gente que me não conhecia, mesmo se tanto, já, entre nós, e o perto que somos tem o carimbo do amor a nossas raízes, também, das mãos que agarram a terra e a apertam até que se entranhe, até que seja tão verdade quanto o sangue que bebemos dos lábios que não beijamos nunca, e serão sempre desejo de outra vida, aventura (in)imaginável do que um dia, se.
evito os olhos que poderão prender (essa tão má tradução de nosso cativar...) e devolvo os meus ao mar, para que os renove, me tome, possua, me refaça,
menina,
uma outra vez.
visito lugares do passado, onde fui (essa) menina e tudo me era enorme, naquele quarto com malas e malas e mais malas e mais, côres de brilho e vida com que brincávamos a tantas mãos, quartos escuros de pó e recordações, vidas, vidas, onde entrávamos à descoberta de um passado que não sabíamos explicar, indecifrável magia de nosso brincar, o quarto dessa bailarina formosa, generosa, dança e vôo em palco de vida, que não saberia nunca que um dia nos choraria, antes demais, o tempo - este vazio de espaço dentro nos lugares em que faltará sempre mais que uma presença.
porque há dias em que poderia simplesmente chorar(-te), meu missing man.
.
sou presença nos amigos, alguns de há tanto, tanto tempo que quase nos não lembramos já da vida sem. e faço, (re)conheço novos, sei que juntos criaremos, nasceremos (em) momentos de partilha e sorriso, olhares que começam a saber ver-se e. como se espelho, realmente, o que.
juntamo-nos, gentes agora distantes, e somos um outra vez, nós, grupo de tantas histórias, tantos momentos, partilhados viveres de uma vida só.
a todos abraço forte, forte muito, porque o tempo escasseia e nós sabemos,
sabemos,
que a vida não é nossa para saber o amanhã.
vivemos hoje o que somos,
e juntos,
juntos,
somos força de amizade
em riso e noite
de lua e de nós.
natal.
eu menina, sentada em frente a este mar que me fala dentro e mistura em sua voz o marulhar das vozes morridas, (e)terna presença em meu espelho de olhar.
é natal e eu sou menina.
é natal em meus país de mar.
..
....
é como um (re)acordar....
regressada da cidade de mim,
que me viu nascer
e fez
- faz -
crescer,
acordo em quem sou com tamanho sentir que poderia chorar a cada passo que dou,
cada cheiro que (re)lembro,
cada enlace que guardo dentro,
marulhado de sonho (d)e vida.
que este ano
de imensos dias,
vos seja o viver de um dia,
um momento,
um sorrir,
sempre,
de cada vez.
a todos vocês
que me acordam (a)o sentir.
e a todos os que
sem o saber
no-lo fazem.
diariamente.
" we are the music makers
and we are the dreamers of dreams. "*
..
lembremo-lo.
a cada dia de nós.
* do poema Ode, de arthur o'shaughnessy
(imagens: traveler 48 at night, snowglobe, de walter martin e paloma muñoz
m.l.f., praia de carcavelos, dezembro.2007)
24 comentários:
Mas valeu a pena a concentração...
Abacinho munto gande
Rosa maravilhosa :-)
já tinha saudades de marilhar nos teus sempres belos textos que partilhas.
é bom acordar numa bola de neve que dança....
Oh, as fotos não entraram! :-(
Uf... ;)
que saudades de (ti) te ler(ver) assim!!!
beijinho
Oi Nana,
Já cá tinha vindo, a ver se tinhas voltado.
Imaginei que andasses aqui por Lisboa e não me enganei.
A tua retrospectiva e visão presente e futura tem um enorme pendor de agradecimento, face à tua terra.
Generosa a devolução dos olhos ao mar, mar que marulha vozes morridas, mar que nos faz aquilo que somos.
Um beijo,
Stella
Ainda bem que neste hiato te perdias e te encontravas nos sítios onde já te perdeste e te consegues encontrar e reencontrar.
Que bom, teres regressado, aqui e assim...
Bj
vagueias entre memórias e marulhos
ser o que és e a semente dos dias que seguem.
sentires.
muito.
intensamente.
envolveres os lugares
que visitas
de aroma a maresia.
a tua.
abraÇo.beijO.luz.
aves~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
chocolate
e
sapato de ferro
chocolate
os sonhos a fermentar em caixas de transparências...
Valeu a pena vir aqui tantas vezes, e não encontrar nada de novo, para hoje ter esta - BELA - surpresa;
mesmo se algumas vezes és, como a Inês, difícil de ler, é como se eu estivesse a ler um livro em Inglês - não conheço as palavras todas, mas entranha-me o sentido.
xxxxx
M_d_O_M
... diário de uma portuguesa, escrito em português, bem preenchido de regressos e despedidas e onde o vocábulo saudade não faz falta nenhuma porque a vida é para ser apreciada. Aqui o fado é outra música...
de todos os reconhecimentos
teus
os que reconhecemos nossos
passos cidades emoções
partilhadas
e nos
acalentam
a
alma
~~
:)
tinha tantas saudades de te ler! o natal é uma época mágica, de comunhão com a família, seja ela pequena , grande, de sangue, ou a escolhida que são é os nossos amigos.
desejo-te um ano excelente! e fico mt mt feliz por teres regressado a este cantinho virtual :)
Não é ler-te. é partilhares-te na tua imensa sensibilidade...como as ondas que embalam
abro essa porta solar
e aos animais de veludo
aos satélites sem rota
abro as mãos de vento e rosas
de par em par
*
Boa Semana!
****
Já tinha saudades de ver coisas novas por aqui =)
Bjks e boa semana =)*****
pelos teus empáticos
ternos
marulhos
murmúrios
líquidos
.aquáticos
OBRIGADA
tu
rio
de
ocorrência
clara
.
.
.
Por que mares andas tu que andas tão ausente? Volta :)
Ao ler-te vagueei pelos natais, pela magia da minha infância. Um mar de sensações estes teus marulhos.
Um beijo soprado, numa ondinha
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