quarta-feira, dezembro 12, 2007

saías de uma casa onde eu estava também.


choravas.


não me vias
- talvez a ninguém -
e choravas.


como que perdido.


menino, de novo.


como quando.




e falavas sozinho.



que tua mãe te tinha dito
antes de morreres
- como se vida, ela, embora então





eu depois vou buscar-te a uma lua qualquer.








...










logo a seguir o alarme acordou-me do sonho

e o choro brusco da presença de ti.
























(
the girl comprehending infinity on a red chair, de bogdan zwir)








...













a rita foi a primeira.
a descoberta de uma nova dimensão de sentir
que nunca antes.


graças a ela
acredito
a avó que era luz de mãe viveu mais a alegria em seu tempo de fim.





depois veio o diogo
- o primeiro rapaz.


graças a ele
(com a rita)
acredito
vivemos mais serenamente a saudade de minha avó.





a sara veio quando o pesadelo estava para começar.
de verdade.
em verdade.


graças a ela
(com o diogo
e a rita)
acredito
viveu nosso missing man, também, tão mais do que se não.



por eles, os últimos
mais fundos
sorrisos.




...



" a brand new baby was born yesterday
just in time





papa cried, baby cried
said "your tears are like mine"







i heard some words
from a friend on the phone
that didn't sound so good





the doctor gave him two weeks to live
- i'd give him more
if i could













you know that i would now










if only i could










you know that i would now










if only i could
















passaram-se

6 meses.


todo esse tempo
incalculável
insuperável
inaceitável
desde um último
teu
respirar.




e no entanto,

no entanto,

no meio desse tempo,
há 18 ontens atrás,
com a força do sangue que lhe vive nas veias,
respirou o tiago
connosco
pela primeira vez
.


..



com ele

(e a rita
e o diogo
e a sara...)

acredito
- acredito -
que.














down the middle drops one more
grain of sand





they say that
new life makes losing life easier to understand







words are kind
they help ease the mind
- i'll miss my old friend





and though you gotta go
we'll keep a piece of your soul




- one goes out,

















one comes in











you know that i would now










if only i could










you know that i would now










if only i could "









.














e lembro
lembro
estas palavras
em meus ouvidos
ao passar as portas
- tantas vezes
tantas portas -
do hospital.












que sonhava abertas






para ti.

















(if only i could)
































(eleventh hour, de felicity rogers)










..









persistes.







vives.









dentro.

terça-feira, dezembro 04, 2007

vida fora, dentro
























" why are the poor so stricken by despair?


why do the rich feel ever more alone?


it embraces everything,


night and dreams,


silence that arouses anxiety.


night that envelops sadness and despair.


dreams of hope for a transformation.




let us take heed of job.




then maybe we'll prevail against


the slogans, the labels, illusions and indifference,


the cradles that surround us. "



(zbigniew preisner)









(barbican, 2.xii.2007)






ele recolheu-se em si, no começo de tudo.

baixou a cabeça,
em si e com o que,

e mergulhou fundo.



ela brilhava,
já,
discreta, distinta, altiva
- senhora de sentir.





batia-me forte o presente,
como se quisesse existir de repente
em tudo o que sou
sei ser
e querer
viver
fora

como se dentro.





à minha volta
- de tão perto,
eu -,
a orquestra.....




enleio.




enlaço.




abraço.




partilha.













depois,
depois da espera discreta
ansiosa
viva
pelo tempo de preisner,
a voz.....




a voz de teresa
a arrebatar-nos de nós.

do que é
ser-se

em sentir.
para
sentir.



" understand the season,

understand your mind.

let yourself feel contact,

closeness that we find

mute as if enchanted.

days pass by in streams

leaving nought behind but

silence, night and dreams. "


(da bíblia sagrada, in "silence, night & dreams")



...





quando se recolhe ao silêncio
teresa é parte da música.

funde-se nela.




e todos

todos

somos marionetas de sentir

nas mãos dançantes de preisner.



...






do silêncio nasce a harpa.

e a noite
ali

não é já (d)o tempo.







real como os sonhos,
a flauta que me há-de ser sempre preisner,
sempre a fundura do ser.


..



e de novo teresa.
em voz-onda,
marulhar de todos os sentires.




...




olho-a fundo.
sou lágrima (d)e orgulho por ela,
neste meu longe que a vejo partilhar.

por tudo o que,
ela.



.




um coro se junta a nós
- vozes imensas de força
que se juntam à flauta de preisner,
ao piano de preisner,
aos violinos,
a todo e cada um de seus toques de sentir.






e minhas asas livres,
desenlaçadas,
assim...

como se fácil,
sempre.


eu que
agora
vôo
também.


e choro, dentro.

tremendo-me
corpo e sentir

neste embalo de força viva.








..






a música termina.

no ar,
o eco silencioso do sentir exacerbado,
indomável,
em verdade,
presença
e vida.




preisner vira-se muito
e ainda mais
lentamente
para o público.




olha-nos.

sente-nos.



e recebe
verdadeiro e humilde
- como
e com
teresa -
a nossa gratidão.














....






("peterborough, 03.xii.07

sinto muito.

sinto tudo.

a música de preisner abre-me os sentires à vida
a voz de teresa traz-me essa vida em mar...


e é dentro de mim que viajo.

por sua mão.

em paz.


(no) silêncio

(em) noite

(d)e sonhos." )












" 5, 13-14

you are salt to the world
you are light for all the world

don't be afraid


7, 7
ask, and you will receive
seek, and you will find
knock, and the door will be opened

don't be afraid


7, 13
enter by the narrow gate
the gate is wide
that leads to perdition

don't be afraid
be faithful
go "


(de the envoy of mr. cogito, de zbigniew herbert)





...







e não tenho medo...


















e vou.































e sou.