terça-feira, junho 27, 2006

um dia destes...

hei-de convencer o mundo de que a felicidade é
mesmo
um estado de espírito

que não se recebe
não se reclama
não se implora...

conquista-se.











...

souvenez-vous d'amélie...

sábado, junho 24, 2006

de assalto...

provei a escuridão da violência
perto.
soube a força guerreira, inalterável, amiga,
dentro.
como fora.
conheci mundos a que não chego.

...

e apesar de tudo
de assalto
não houve o medo.

porque a força de sermos um, ali.
















...


.


em 14 anos de bairro alto, nunca fui assaltada.
nunca tive medo.
nunca fui intimidada por ameaças.
"e se?...."...
nunca.
eu não.
nunca presenciei um assalto.
e nunca
nunca
niguém
tinha tentado fazer mal a um amigo
assim
à minha frente.


não sei se os instintos são perigosos.
para mim depende.
do ponto de vista
e da vista geral.
eu sigo os meus
porque os não penso
sequer.

e o que me magoa mais não são os (pouquíssimos) arranhões que ficaram
ou o sujo do chão da rua em mim.

o que me dói mesmo
mesmo
são os olhos que olhei,
o dentro que não soube tocar,
que se escondia num longe
tão longe
que não vi caminho até ele.

e eu perguntava
"porquê?..."
e eles davam-me só o silêncio
a violência contra quem amo como a um irmão
a força sobre mim que me impediu tudo
e o quase vazio do olhar
aquele ser-se vivo de forma tão estrangeira a mim
como resposta.

e doeu-me o ataque
estúpido
a quem é dentro em mim.

e não percebo.
e confude-me.
e sinto-me ingénua
quase criança
perante a maldade do mundo
assim presente
tão perto.


mas.
by you.
sempre.

por isso no fim
no fim
sorri
até.
de amor.
pela beleza de nós.


por maior a tristeza
o vazio
da impotência doída.
















...

quinta-feira, junho 22, 2006

hoje(s).

sábado, junho 17, 2006

no meu planeta.


















sorrio
rio
abraço
beijo
amo

com toda a força de mim.

quarta-feira, junho 14, 2006

" querida amiga,

seguro a tua mão desde o início de tudo.
e não deixo, não largo.
mas não to fiz sentir – não me fiz sentido, também, então, mas disso te falarei à frente –, e por isso te peço desculpa. pela ausência física. das palavras que abraçam, porque nada mais posso deste longe de cá.

a verdade é que acontece, nisto de ser emigrante, nisto de estar-se vivo, ir-se, sentir que se vai, ao fundo. sem que às vezes se saiba do quê. sem que às vezes se perceba porquê. e a vontade de emergir é tanta que esperneamos, gritamos, esbracejamos, imploramos ajuda sem nunca o fazer. a cura está em nós, sabêmo-lo já, mas insistimos em esquecer-nos disso. como quem se esquece de nada. que nada. e vai ao fundo.

e é como se fôssemos tão tristes que nada pudéssemos levar a outros senão a nossa fraqueza. mais que tudo o mais, isso empurra-me, a mim, mais, para baixo. e esperneio. grito. esbracejo. como outros. sem os outros. porque sinto, sei, que não é este o meu lugar
dentro
e na vida.

e a cada dia que passa, a decepção de saber que estamos a falhar a quem precisa, a quem queremos tanto bem. a cada momento o sentir que numa qualquer palavra pode ser notada a nossa tristeza, o nosso fundo, que não deve, não pode, ser tocado por quem precisa de força.

e deixamo-nos ir, encurralados pelo que sentimos – o que conseguimos sentir... – , e o que queríamos
tanto
tanto
sentir.
abandonamos qualquer movimento:
agora não me mexo.
se é fundo é fundo, pronto, deixem-me.
agora vou ficar aqui.

mas a vida.

a vida tem esta coisa de querer ajudar-nos, e há anjos muitos (cada vez mais...) à nossa volta...
e, sem mover um músculo, ou pelo menos sem por isso fazer, damos por nós a ir ter à superfície, a boiar, a olhar o céu, ao colo do mar, e a sentir que, pelo menos, não estamos sós. por mais que. e tudo o resto.
não nos mexemos, quase, fracos ainda pelo susto e pela dor, mas somos já capazes de tentar um sorriso. por mais triste. por mais escondido, é um sorriso em paz, já.
connosco mesmos.

e há um dia, de repente, assim mesmo, de repente, mais ainda que o afundar, por uma coisa de nada, um telefonema, uma voz amiga, um jogo de futebol, um dia de calor, um sorriso desconhecido, qualquer nada que nos chega e nos faz voltar a nós, há um dia em que rimos como é nosso rir, e usamos a força que é nossa, que temos de volta, para nadar até à praia e abraçar quem precisa. para, assim, regressarmos a nós.

peço-te desculpa pela falta das palavras, do abraço.
porque sei
sei
que em alturas como tantas, qualquer sorriso, qualquer carinho, qualquer palavra, por mais triste, por mais fraca, é uma força, um pequenino consolo em nós.

peço-te que aceites esta escrita
- despida de tudo,
porque te devo a sinceridade desses momentos -
como um alongado, porque difícil, pedido de desculpas.

e um abraço, já na praia, com a força e o carinho do mar que consola.
"

terça-feira, junho 13, 2006

prontas.














eu e a casinha,
com a esperança a espreitar
e um sorriso à janela,
à portuguesa.














:o)

segunda-feira, junho 12, 2006

fuga a mim. ou regresso, tanto faz.

" Pode ir armando o coreto e preparando aquele feijão preto
Eu to voltando
Põe meia dúzia de Brahma pra gelar, muda a roupa de cama
Eu to voltando
Leva o chinelo pra sala de jantar...Que é lá mesmo que a mala eu vou largar
Quero te abraçar, pode se perfumar porque eu to voltando
Dá uma geral, faz um bom defumador, enche a casa de flor
Que eu to voltando
Pega uma praia, aproveita, ta calor, vai pegando uma cor
Que eu to voltando
Faz um cabelo bonito pra eu notar que eu só quero mesmo é
Despentear
Quero te agarrar... pode se preparar porque eu to voltando
Põe pra tocar na vitrola aquele som, estréia uma camisola
Eu to voltando
Dá folga pra empregada, manda a criançada pra casa da avó
Que eu to voltando
Diz que eu só volto amanhã se alguém chamar
Telefone não deixa nem tocar... Quero lá.. lá.. lá.. ia.....porque eu to voltando!"

......

terça-feira, junho 06, 2006

friozinho ao sol.

sei-me
aceito-me
finalmente
como emigrante.

nunca antes.
nunca
nesse tempo em que me custava
custou
tanto tanto
tanto
deixar o meu país
as gentes
pessoas de mim
que achei que não ia aguentar.
achei que a vontade de voltar
ia ser sempre maior que a de ficar.

mas o trabalho.
que quando se gosta
mesmo
é mesmo a melhor terapia.
ajuda a consolar.
a lidar com o que não tem consolo.

porque há manhãs
às vezes noites
em que só queria que não me ferisse
tão afiada
a saudade
do berço de mim.

quando se está "entre-trabalhos" (the wonderful life of freelancing...)
pior um pouco.
porque o tempo.
o espaço.
a
(atrever-me-ei a dizê-lo?...)
solidão.
que é só minha
por mim causada
sei-o.
mas.

..

este ano tem-me custado muito a sombra e o frio.
mais que noutros anos.
talvez porque o estar em portugal em abril
o sentir aquele calor
todo
de tudo
me lembrou o que me falta.

aqui
com este calor arrefecido
em tantos
tantos
sentidos
aprendi a viver.
mas é
também
em mim
inconsolável.

como esta constante
vertiginosa
insuperável
desmesurável
vontade
de mar.

" ils sont fous ces anglais!!! "














...

sexta-feira, junho 02, 2006

e áfrica?........


















foi MESMO um sonho?