terça-feira, junho 03, 2008



" amor, vi morrer a flor.
eu que trago água nos pulmões.

*

o vento ousa nos teus cabelos,
esforço-me por segurar a última folha. "

(paulo josé miranda)


































(haleh bryan, full moon)









..






deixei-te falar por entre o incenso da mágoa,
cada minuto uma nuvem,
cada palavra a cegar-nos o céu de olhar

- a vida presente a escolher ser livre,
o toque do tempo o verdadeiro amar.




lá longe onde lutas a vida,
o passado não te é raiz de pensar
de pesar
de não ser nunca mais pele o respirar.




...





e então falei-te
devagar
sem nada dizer.


ouvi cada bocadinho de céu,
de olhos fechados e não,
e disse-te


" há nuvens.


há nuvens
mas não há-de chover. "


.



olhei cada palavra tua nos olhos
com a paz inquieta que me trouxe o saber, saber,
para além das noites que te sonham ainda,
que nunca, nunca haverá um espaço
um tempo
um querer
de nós.


a chuva deixou há muito de molhar-nos desejo ou lábios
- não há já
nem mesmo na chuva
esperança ou verdade
para um nosso amor.

e no entanto,
no entanto,
a dor-verdade, ainda, na alma da memória tua...

o coração que se encolhe a cada palavra,
o respirar que me aperta contra minha vontade,
contra a tua,
contra a de toda essa gente
que não esquece.

porque se não esquece
afinal.

nem mesmo quando.


.




ouço-te
assim
(em) meu adeus.


parto
eu
"antes mesmo
de partires".


parto nas tuas palavras
sem que o saibas
sem que o notes
sem que me sintas partir.


pelo muito
que há tanto
deixaste de saber em mim.





..











e chove.


afinal chove...


como quem lava novos caminhos.



































..




(" one two three four
tell me that you love me more
sleepless long nights
that is who my youth was for

old teenage hopes are alive at your door
left you with nothing but they want some more

oh, you're changing your heart
oh, you know who you are

sweetheart bitterheart now i can tell you apart
cosy and cold, put the horse before the cart

those teenage hopes who have tears in their eyes
too scared to own up to one little lie

oh, you're changing your heart
oh, you know who you are

one, two, three, four, five, six, nine or ten
money can't buy you back the love that you had
then


..


one, two, three, four, five, six, nine or ten
money can't buy you back the love that you had
then

oh, you're changing your heart
oh, you know who you are
oh, you're changing your heart
oh, you know who you are
oh, who you are

for the teenage boys
they're breaking your heart
for the teenage boys
they're breaking your heart ")


25 comentários:

~pi disse...

da fé

da

esperança

que abres

no marulho do teu

[ nosso

mar



~

ricardo disse...

:)

(é assim que fico qdo passo por aqui...obrigado! ****)

ana disse...

aiiiiiiiiii!
Foi algo que senti sem conseguir dizer .obrigado
Por mais que queira as palavras nao saiem.

Mar Arável disse...

Profundamente azul

Anónimo disse...

uuff...... q intenso, nana...


beijinho.

Pedro Branco disse...

Se os meus dedos fossem chuva. Se o meu olhar fosse gesto. Se a minha voz pão. Se eu fosse o tempo... deixaria que cada gota de dor me abrisse um lago no peito para me banhar. E me deixar mergulhar o futuro!

K disse...

Lua cheia encoberta por um perfil de mulher!

Unknown disse...

Sabes?
Ainda bem que choveu!...
.
Era um crescendo
de tanto tudo e nada...
que
ainda bem que choveu.
Senti que limpou...
Espero
que
o tenhas sentido
Tu...
porque queimava.


[Beijo...@]

delusions disse...

"para além das noites que te sonham ainda,
que nunca, nunca haverá um espaço
um tempo
um querer
de nós.
(...)
nem mesmo na chuva
esperança ou verdade
para um nosso amor.

e no entanto,
no entanto,
a dor-verdade, ainda, na alma da memória tua..."



tão, tão triste...

lembrei-me de outra música...David Fonseca: Haunted Home: "I can't ask you to stay...I can't find the words to say(...)Why don't you just leave?...."... se não conheceres, experimenta...




bjinho*
Sofia

L.Reis disse...

...palavras a escorrer...corpo adentro

tufa tau disse...

tem que chover
para me molhar
limpar células de outra pele
retidas
tem que chover
para eu voar
me entregar ao vento que a anuncia
a roupa tirar
tem que chover
para eu voltar

Unknown disse...

.
Ou tem que
rebentar
um grande
vaga
.
Onda salgada
cheia
de lágrimas
do mundo
inteiro
.
Para tudo
levar
Para tudo
lavar
.
ONDA
Violenta
depois
silêncio...
.
[Beijo de espuma branca]

Andreia disse...

como eu queria ir ver o concerto desta menina... ***

Dalaila disse...

partir onde as palavras não acabam, viver-se sem sair num regresso das letras,

Verena Sánchez Doering disse...

querida amiga
tienes un blog muy bello y tus letras hablan con el alma
ademas feliz de saber que eres de Portugal, un pais que amo mucho y tengo bellos amigos
Gracias por tus hermosos saludos con un poema de Borges
mil disculpas si no te he contestado antes, pero estaba alejada de la net. porque estoy enferma
hoy me doy animo y comienzo de a poco ha escribir y a contestar los saludos a los amigos que me han acompañado dejandoles un abrazo muy grande
te dejo muchos cariños y que estes muy bien, te voy ha linkear en el blog de Freyja para seguir compartiendo
que tengas un lindo fin de semana
besitos


besos y sueños

Pulsante disse...

Hoje, há 120 anos, nasceu uma pessoa chamada Fernando Pessoa *

samuel disse...

Muito bonito, Nana.
Tudo.
Uma mesa farta...
Só o "Caminho das águas" era mais que suficiente para cobrir as despesas da visita.

Abreijos

Graça Pires disse...

Textos lindíssimos: como a água que corre "como quem lava novos caminhos". Um beijo.

Maria Laura disse...

Por vezes a chuva é necessária. Em nós. Para podermos ver caminhos lavados.

~pi disse...

beijo: à filha que és

mil

beijos




~

Atlantys disse...

Estive de férias e já tinha saudades de passar por aqui. Saudades desta tranquilidade, desta paz e deste sentir =)


(um beijo grande e um abraço apertado pelo post de cima)

bettips disse...

Tu
que trazes vermelho de chorar
e de memorizar os gestos;
tu que amaste papoilas
e tens os caminhos lavados da inocente idade;
tu!
para um tu que nem conheço,
estão também os campos do alentejo que um dia demandarás
e andarás descalça
falando contigo, alto, entre flores.
Bj

Silvia Chueire disse...

Obrigada, Nana. Muito.


Um abraço grande,

Silvia

Ruela disse...

vim fazer uma visita...tenho andado um pouco ausente,
gostei do que li.


bjs.

Stella Nijinsky disse...

nana, está maravilhoso,
tanto que contêm estas palavras
que (não) escondem segredos,
o encerro e o gesto de abertura, a água que tudo lava, a vida que nos dá sempre outras oportunidades.

Stella