porque ausente
deixei-me afastar das palavras.
sem quase o notar, perdida noutros lugares de encontro, partilha e mãos dadas, deixei resumir meu sentir a uma frase, às vezes duas, como se não houvesse um todo mundo de escrever, dentro, a pedir-me liberdade.
volta-se ao que se ama.
abrem-se os braços.
deixa-se entrar.
deixo que as palavras me cheguem às mãos, mas possuam, me possuam para que não pense, não pare, para que escreva até esquecer a vida sem escrita, sem mar de palavras, sem mim.
a elas volto para que me embalem o sentir nesta mudança de tanto que vivo cada dia em certeza de bem.
parto da terra que me adoptou e deu vida, carinho, em anos tantos de crescer.
e volto a casa.
volto ao que amo.
abrem-me os braços.
deixo-me entrar.
abrem-me os braços.
deixo-me entrar.
(imagem de haleh bryan)