sexta-feira, agosto 15, 2008

(meu) país de gente e mar










" Tudo me prende à terra onde me dei:
o rio subitamente adolescente,
a luz tropeçando nas esquinas,
as areias onde ardi impaciente.


Tudo me prende do mesmo triste amor
que há em saber que a vida pouco dura,
e nela ponho a esperança e o calor
de uns dedos com restos de ternura.


Dizem que há outros céus e outras luas
e outros olhos densos de alegria,
mas eu sou destas casas, destas ruas,
deste amor a escorrer melancolia. "


(eugénio de andrade, canção breve)

















...











vejo o caminho.





sei-o inteiro, e sei onde vai dar.



a que mar de terra e gente minhas.








medo da vergonha?


vergonha do medo?






o mesmo tremer do frio de entrar no mar
- a vida toda em desejo suspenso
no tempo esperado de meu mergulhar.





mais que rainhas e príncipes
trago na mala as fadas que me sabem as asas
em certeza, dignidade de sentir.



sou todos os que enterrei,
todos os que em mim nasceram
- tatuadas sementes de meu chegar e partir.








.










ouço(-me) no vento.


como se meu o nome que alguém.



como um chamar sonho à vida
que ninguém mais
ninguém mais
tem.
























...














agora,

longe e perto,

tenta-se a humildade:














vive-se.
















.
















(imagem primeira: ana nicolau, autoretrato2007
imagem segunda: eduardo gageiro
imagem última: haleh bryan, dani-blue)



sexta-feira, agosto 01, 2008

" do outro lado do espelho "








" i know who i was when i got up this morning,
but i think i must have been changed several times since then. "




(lewis carroll, alice's adventures in wonderland)






...















" A criança fecha os olhos no muro
Conta o tempo que os amigos demoram
A transformar-se

Fecha os olhos no interior dos números
Olha para dentro e em redor e encontra-se
A si mesma
A criança pergunta se há-de ir ter consigo

Ela quer encontrar os amigos, ela quer
Que lhe respondam. Ela calcula a voz alta
A altura do muro, a progressão do silêncio "


(daniel faria)






..




ruela, marulhos
















(...)



if you knew that love can break your heart
when you're down so low you cannot fall
would you change?

would you change?






how bad, how good does it need to get?

how many losses? how much regret?

what chain reaction would cause an effect?

[that] makes you turn around,

[that] makes you try to explain,

[that] makes you forgive and forget,

[that] makes you change?









makes you change














if you knew that you would be alone,
knowing right, being wrong,
would you change?

would you change?











if you knew that you would find a truth
that brings up pain that can't be soothed
would you change?

would you change?






how bad, how good does it need to get?

how many losses? how much regret?

what chain reaction would cause an effect?

[that] makes you turn around,

[that] makes you try to explain,

[that] makes you forgive and forget,

[that] makes you change?









makes you change















are you so upright you can't be bent
if it comes to blows?


are you so sure you won't be crawling?


if not for the good, why risk falling?


why risk falling?











if everything you think you know,
makes your life unbearable,
would you change?

would you change?










if you'd broken every rule and vow,
and hard times come to bring you down,
would you change?

would you change?






(...)














..













...













the end is not near, haleh bryan











.













(imagem primeira: sue blackwell, alice through the looking glass
imagem quinta: thespeak, thinking
imagem nona: lachlan humphreys, change
restantes imagens: haleh bryan
música e letra: tracy chapman, change)