(meu) país de gente e mar
" Tudo me prende à terra onde me dei:
o rio subitamente adolescente,
a luz tropeçando nas esquinas,
as areias onde ardi impaciente.
Tudo me prende do mesmo triste amor
que há em saber que a vida pouco dura,
e nela ponho a esperança e o calor
de uns dedos com restos de ternura.
Dizem que há outros céus e outras luas
e outros olhos densos de alegria,
mas eu sou destas casas, destas ruas,
deste amor a escorrer melancolia. "
(eugénio de andrade, canção breve)
...
vejo o caminho.
sei-o inteiro, e sei onde vai dar.
a que mar de terra e gente minhas.
medo da vergonha?
vergonha do medo?
o mesmo tremer do frio de entrar no mar
- a vida toda em desejo suspenso
no tempo esperado de meu mergulhar.
mais que rainhas e príncipes
trago na mala as fadas que me sabem as asas
em certeza, dignidade de sentir.
sou todos os que enterrei,
todos os que em mim nasceram
- tatuadas sementes de meu chegar e partir.
.
ouço(-me) no vento.
como se meu o nome que alguém.
como um chamar sonho à vida
que ninguém mais
ninguém mais
tem.
...
agora,
longe e perto,
tenta-se a humildade:
vive-se.
.
(imagem primeira: ana nicolau, autoretrato2007
imagem segunda: eduardo gageiro
imagem última: haleh bryan, dani-blue)