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mais que tudo lembro os seus olhos, ja cansados mas vivos de luta, de vida, sempre.
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"conheci" o alvaro cunhal por volta de 1996/97, se nao estou em erro. foi dar uma conferencia a lusofona, e eu, a (entao - agora menina mae) menina dos olhos de lua e o (entao - agora com olhos que se abrem de amor) menino dos olhos de sombra fizemos questao de nos sentarmos na fila da frente, para que, como se, ele pudesse ver na maneira como o olhavamos o indescritivel respeito e gratidao que lhe tinhamos. por fora. por dentro. e um enorme carinho, tambem.
ele falou, e nas suas palavras cheiramos o medo do desespero, a revolta da injustica, e no fim, com ele, bebemos a liberdade.
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no fim da palestra fomos agradecer-lhe, de viva voz, a nossa vida nessa liberdade.
porque ele estava ali.
e era memo preciso.
porque eramos, somos, livres.
nos seus olhos, desta vez, o sorriso da esperanca na juventude que eramos, que somos, seremos sempre.
um sorriso terno e seguro, como quase que a dizer "a luta nao esta acabada - agora eh a vossa vez".
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aqui te prometo, alvaro - e por mais longe que estejas sei que podes ouvir-me, porque sei ha muito, um pouco, poucochinho, como tu soubeste, que nao ha longe nem distancia - que aceito essa missao de mudar um pouco o mundo.
uns mundos, pelo menos.
porque eh a unica maneira que tenho, que sei, saberei, de merecer a liberdade que me foi dada. que me deste, tambem.
agradeco-te, uma vez mais, desta vez de lagrimas tristes, mas livres, nos olhos.
por ti, contigo, para sempre.
obrigada.
em nome de mim.
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